Comecei tropeçando no tapete da escada que dá acesso às galerias, quase caindo de boca. Ótimo que as bobagens tenham acabado por aí. Devidamente instalado, olhava deslumbrado os ornamentos do lugar. A iluminação. As pessoas.
No palco, só uma cadeira. Sequer um tecido como cenário.
McFerrin chegou usando uma velha camiseta preta, uma calça jeans surrada, um sapato nada novo. Nas mãos, um microfone e uma garrafa d'água. E foi apenas disso que ele precisou.
Genial. Não há muito o que dizer.
O que interessava ali era só a música. A música em sua forma mais pura, mais humana. Os únicos instrumentos eram a voz e o corpo. O público participava o tempo todo. A música é algo possível a todos. A expiação é possível. Cantava-se de vários lugares: público no palco, inclusive. Aliás, público também dançando no palco. Aliás, público intrumento musical tocado pelo maestro (vídeo).
Bob McFerrin tem a simpatia e o carisma dos gênios que se sabem instrumento. Dos que eu tive a sorte de ver ao vivo, só João e Santana - cada um a sua maneira - me deram impressão parecida.
Ao final todos extasiados e felizes por terem visto. Por terem feito. Pela absoluta falta de soberba de um homem que poderia carregá-la sem problemas porque faz o que quer com a voz. Pela música estonteante. Por saber aquilo inesquecível.
Obrigado à pessoa maravilhosa que estava comigo, mostrou-me isso, e me deu o show do ano de presente.
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