Estou orgulhoso de mim hoje.
Orgulhoso porque comprei um conjunto de três lapiseiras 0.5 Bic Sunnies, e também porque adquiri três canetas Bic: duas azuis e uma vermelha. Lembrei-me de que, ao menos na minha época, professores usavam canetas vermelhas.
Estou com ela na mão agora.
Brinquei com ela o dia todo.
Para um professor, brincar com a caneta vermelha é brincar com o poder.
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Pretendo começar aqui uma discussão sobre o público e o privado.
Isso virá amanhã, ou na segunda quem sabe.
Será uma discussão curta, só pra saber direito quais são as coisas que devem pertencer a um, quais as coisas que devem pertencer ao outro, e o que é um Blog em meio a isto tudo.
O motivo?
É porque, caros amigos, retirarei um texto deste aqui por conta de um pedido.
Retirarei a narrativa do meu esquartejamento em respeito a um apelo (ou seria por medo?).
Mas já adianto que me sinto em época de ditadura, onde o mal pode ser feito, as feridas podem ser criadas, mas ninguém pode ficar sabendo. O algozes, os amigos de lá, riram o quanto puderam de mim, falaram o que quiseram na minha cara, mas os "meus" amigos não podem ouvir os meus gritos de apelo, os meus gritos de alerta, como dizia o Gonzaguinha.
Sim: porque é de conhecimento comum que a palavra expia, liberta, e a um psiquismo em frangalhos só são possíveis quatro opções: duas pela via da palavra - libertar o afeto de sofrimento e ao mesmo tempo pedir socorro; uma pela via das substâncias - e o clonazepam tem trabalhado muito; e a última pelo seu auto-aniquilamento - seja na extinção do aparelho (isso mesmo, meter uma bala nele!), seja no refúgio psicótico.
Bem, mas conversaremos mais sobre isto, e sobre mim também.
2 comentários:
Arrancando páginas do diário e colocando fogo?
Já fiz isso, com o diário (um daqueles cor de rosa com cadeado em forma de coração que usava quando criança) e com o blog.
Nos dois casos eu tinha escrito a história de um jeito que eu não queria lembrar dela.
No blog eu reescrevi depois, com mais calma, porque precisava contá-la. Não pros outros, pra mim mesma. Ajuda na digestão.
Estou velejando por seus textos.
Conheci você naquele aniversário anos 60, amigo da Carla.
Fiquei bastante comovido com seu texto dedicado à Flávia. Principalmente quando você toca na questão do efêmero.
Vezenquando, penso que nossas escolhas são feitas dentro de uma crença ilusória da eternidade. Exigimos o eterno do perecível, loucos que somos. Escolhemos pessoas que mal existem e não aquelas que existem com delicado cuidado.
Não há ponte entre o que foi
e o que não era. A memória falha.
Sei que é difícil abandonar os limites do corpo sem premir o seio amigo. Necessário então invocar os deuses e as almas saídas da cidade. Caso contrário quem deterá
O curso do rio Trácio: Orfeu depondo num inquérito ou Ofélia carregando um séquito de imagens?
E no entanto e no entanto esta inexplicável solidão sobre as ex-
tensões dos ares e o absurdo soluço dos que não chegam
nenhum adeus
Em nenhuma imagem
Em nenhum poema.
Quando e quando vamos introduzir sob a face neutra da palavra
O fôlego de um atleta e a direção de qualquer caminho?
As pessoas falam e por trás do que dizem há o que se sente e não se mostra nunca. A palavra é tudo o que se tem, a única forma de penetrar no universo alheio. Porque então as pessoas dizem aquilo que sabem que nunca irão cumprir?
Porque não se pesa o que de fato é uma passagem e o que é raíz em nossas vidas?
E quem disse que era pra dar certo?! Temos, nessa vida, um monte de caminhos. Uns mais "certos" e outros mais "errados". Alguns escolhem os primeiros, outros os segundos. E vão vivendo. E vão comparando suas vidas com as alheias. E o tempo vai passando. Então as vidas começam a tomar rumos diferentes, os resultados das escolhas começam a aparecer, a curto prazo, a longo prazo.
Inevitavelmente, um dia, os que escolheram a vida "certa" irão olhar para os que escolheram a vida "errada" e terão seu momento de glória: verão que aqueles que escolheram esta forma de viver se deram mal. Ou não. Já estarão cegos e nada mais será visto, o passado já será pequeno e distante demais.
Estão pobres, e / ou com o fígado baleado, e/ ou o pulmão encardido, e / ou HIV no sangue, e / ou com alguma passagem policial e /ou e / ou e /ou...
Estarão envelhecidos antes do tempo, sem plano de previdência privada, solteiros, uns filhos espalhados pelo mundo, e um currículo apenas com coisas como uso de drogas e amnésias lacunares.
Isso se já não estiverem mortos. (Melhor ainda...)
Dará tudo errado.
Mas...
E quem disse que era pra dar certo?!
Já a vida confusa... A vida confusa não é para dar certo! O que ninguém entende é isto. Às vezes, nem mesmo quem leva a vida assim. Torcem, no fundo, para que dê certo. Esqueça! Vai dar tudo errado, uma hora ou outra.
Não dará certo porque o objetivo não é este. Não há objetivo! Não há "futuro". Não há "terceira idade". Não há um depois.
É agora, e é assim.
Não sei. Seu texto me fez pensar. Divaguei demais. Desculpe por esse lixo todo.
Abraços,
Tiago
rendelli@gmail.com
P.S. Publiquei de novo, porque esse era seu post mais recente e não o outro em que postei.
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