27.1.07

Rapidinha

Estou orgulhoso de mim hoje.
Orgulhoso porque comprei um conjunto de três lapiseiras 0.5 Bic Sunnies, e também porque adquiri três canetas Bic: duas azuis e uma vermelha. Lembrei-me de que, ao menos na minha época, professores usavam canetas vermelhas.

Estou com ela na mão agora.
Brinquei com ela o dia todo.
Para um professor, brincar com a caneta vermelha é brincar com o poder.

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Pretendo começar aqui uma discussão sobre o público e o privado.
Isso virá amanhã, ou na segunda quem sabe.

Será uma discussão curta, só pra saber direito quais são as coisas que devem pertencer a um, quais as coisas que devem pertencer ao outro, e o que é um Blog em meio a isto tudo.

O motivo?
É porque, caros amigos, retirarei um texto deste aqui por conta de um pedido.
Retirarei a narrativa do meu esquartejamento em respeito a um apelo (ou seria por medo?).

Mas já adianto que me sinto em época de ditadura, onde o mal pode ser feito, as feridas podem ser criadas, mas ninguém pode ficar sabendo. O algozes, os amigos de lá, riram o quanto puderam de mim, falaram o que quiseram na minha cara, mas os "meus" amigos não podem ouvir os meus gritos de apelo, os meus gritos de alerta, como dizia o Gonzaguinha.

Sim: porque é de conhecimento comum que a palavra expia, liberta, e a um psiquismo em frangalhos só são possíveis quatro opções: duas pela via da palavra - libertar o afeto de sofrimento e ao mesmo tempo pedir socorro; uma pela via das substâncias - e o clonazepam tem trabalhado muito; e a última pelo seu auto-aniquilamento - seja na extinção do aparelho (isso mesmo, meter uma bala nele!), seja no refúgio psicótico.

Bem, mas conversaremos mais sobre isto, e sobre mim também.

2 comentários:

Anônimo disse...

Arrancando páginas do diário e colocando fogo?
Já fiz isso, com o diário (um daqueles cor de rosa com cadeado em forma de coração que usava quando criança) e com o blog.
Nos dois casos eu tinha escrito a história de um jeito que eu não queria lembrar dela.
No blog eu reescrevi depois, com mais calma, porque precisava contá-la. Não pros outros, pra mim mesma. Ajuda na digestão.

Anônimo disse...

Estou velejando por seus textos.

Conheci você naquele aniversário anos 60, amigo da Carla.

Fiquei bastante comovido com seu texto dedicado à Flávia. Principalmente quando você toca na questão do efêmero.

Vezenquando, penso que nossas escolhas são feitas dentro de uma crença ilusória da eternidade. Exigimos o eterno do perecível, loucos que somos. Escolhemos pessoas que mal existem e não aquelas que existem com delicado cuidado.

Não há ponte entre o que foi
e o que não era. A memória falha.
Sei que é difícil abandonar os limites do corpo sem premir o seio amigo. Necessário então invocar os deuses e as almas saídas da cidade. Caso contrário quem deterá
O curso do rio Trácio: Orfeu depondo num inquérito ou Ofélia carregando um séquito de imagens?
E no entanto e no entanto esta inexplicável solidão sobre as ex-
tensões dos ares e o absurdo soluço dos que não chegam
nenhum adeus
Em nenhuma imagem
Em nenhum poema.

Quando e quando vamos introduzir sob a face neutra da palavra
O fôlego de um atleta e a direção de qualquer caminho?

As pessoas falam e por trás do que dizem há o que se sente e não se mostra nunca. A palavra é tudo o que se tem, a única forma de penetrar no universo alheio. Porque então as pessoas dizem aquilo que sabem que nunca irão cumprir?

Porque não se pesa o que de fato é uma passagem e o que é raíz em nossas vidas?

E quem disse que era pra dar certo?! Temos, nessa vida, um monte de caminhos. Uns mais "certos" e outros mais "errados". Alguns escolhem os primeiros, outros os segundos. E vão vivendo. E vão comparando suas vidas com as alheias. E o tempo vai passando. Então as vidas começam a tomar rumos diferentes, os resultados das escolhas começam a aparecer, a curto prazo, a longo prazo.

Inevitavelmente, um dia, os que escolheram a vida "certa" irão olhar para os que escolheram a vida "errada" e terão seu momento de glória: verão que aqueles que escolheram esta forma de viver se deram mal. Ou não. Já estarão cegos e nada mais será visto, o passado já será pequeno e distante demais.

Estão pobres, e / ou com o fígado baleado, e/ ou o pulmão encardido, e / ou HIV no sangue, e / ou com alguma passagem policial e /ou e / ou e /ou...

Estarão envelhecidos antes do tempo, sem plano de previdência privada, solteiros, uns filhos espalhados pelo mundo, e um currículo apenas com coisas como uso de drogas e amnésias lacunares.

Isso se já não estiverem mortos. (Melhor ainda...)

Dará tudo errado.

Mas...

E quem disse que era pra dar certo?!

Já a vida confusa... A vida confusa não é para dar certo! O que ninguém entende é isto. Às vezes, nem mesmo quem leva a vida assim. Torcem, no fundo, para que dê certo. Esqueça! Vai dar tudo errado, uma hora ou outra.

Não dará certo porque o objetivo não é este. Não há objetivo! Não há "futuro". Não há "terceira idade". Não há um depois.

É agora, e é assim.
Não sei. Seu texto me fez pensar. Divaguei demais. Desculpe por esse lixo todo.

Abraços,

Tiago
rendelli@gmail.com

P.S. Publiquei de novo, porque esse era seu post mais recente e não o outro em que postei.