No verão de 1997 eu tomei 31 chopps no Bar do Empório. Recorde pessoal.
Lá pelo vigésimo fui até a praia, mergulhei e voltei ensopado.
Entrei no bar pingando como se nada, nada tivesse acontecido.
Da volta pra casa me lembro apenas de um relance: eu, olhando pra fora do carro, maravilhado, tateando o braço do motorista do Táxi e dizendo - Nossa meu, como é que você enfiou a gente num estádio de futebol, de carro, e a essa hora!?!? Huhu!!!
Era o sambódromo.
20.12.06
15.12.06
Pequenas coisas
Foram dez anos fora da casa da minha mãe.
Em meu momentâneo retorno, uma constatação bem simples: a esquizofrenia atravessa a família.
Meu avô acorda às 5:00h para dar sopinha de leite com pão para as cachorras.
Minha mãe canta o dia todo Carinhoso para o papagaio porque "ele gosta".
Dará tempo de meus sintomas começarem a aparecer?
Tenho que sair daqui logo.
Em meu momentâneo retorno, uma constatação bem simples: a esquizofrenia atravessa a família.
Meu avô acorda às 5:00h para dar sopinha de leite com pão para as cachorras.
Minha mãe canta o dia todo Carinhoso para o papagaio porque "ele gosta".
Dará tempo de meus sintomas começarem a aparecer?
Tenho que sair daqui logo.
12.12.06
Aniversário
Sexta foi meu aniversério.
Na sexta eu fiz trinta e dois anos.
Na sexta em que eu fiz trinta e dois anos fui também esqüartejado.
Na sexta em que fiz trinta e dois anos fui esqüartejado a golpes de diamante.
Na sexta em que fui esqüartejado cinco golpes de diamante me partiram em seis pedaços.
E estes seis pedaços partidos se uniram novamente no sábado.
E no sábado eu nasci de novo.
E no domingo eu fui criança de novo.
E nesta segunda eu fui adolescente de novo.
E daqui a alguns dias viverei coisas novas de novo: ficarei nervoso de novo; errarei de novo; parecerei atrapalhado de novo.
E terei de novo frescas lembranças de primeira vez.
De novo...
De nov...
De no...
De n...
Na sexta eu fiz trinta e dois anos.
Na sexta em que eu fiz trinta e dois anos fui também esqüartejado.
Na sexta em que fiz trinta e dois anos fui esqüartejado a golpes de diamante.
Na sexta em que fui esqüartejado cinco golpes de diamante me partiram em seis pedaços.
E estes seis pedaços partidos se uniram novamente no sábado.
E no sábado eu nasci de novo.
E no domingo eu fui criança de novo.
E nesta segunda eu fui adolescente de novo.
E daqui a alguns dias viverei coisas novas de novo: ficarei nervoso de novo; errarei de novo; parecerei atrapalhado de novo.
E terei de novo frescas lembranças de primeira vez.
De novo...
De nov...
De no...
De n...
7.12.06
Todas as vezes que eu acesso o blog pra escrever alguma coisa há uma frase, um trecho de poema que nunca sai do campo de digitação.
Finalmente ele ganhou: já que insiste tanto em aparecer, agora vai. Quem sabe assim ele some.
Com vocês, o dito:
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que,
tecido, se eleva por si: luz balão. (JCMN)
Agora posso voltar a escrever em paz.
________________________________________________________________
Ontem escutei uma música que não ouvia há uns dez anos.
Normal, vocês poderiam dizer. E o que isso teria de mais? Dããã...
Aí é que entra a questão: era uma das minhas cançoes preferidas e simplesmente tinha sumido, tinha se apagado da minha cachola. Coisa estranha, hein...?
Bom, o fato é que eu adorava Fala, dos Secos & Molhados.
Adorava porque é o tipo de composição que gosto: piano, violinos em "crescendo", um teclado malucão, uma melodia linda, um vocal sem comentários.
Adorava porque a letra falava sobre mim de uma maneira assustadora.
Eu não sei dizer
Nada por dizer
Então eu escuto.
Se você disser
Tudo o que quiser
Então eu escuto.
Fala.
Se eu não entender
Não vou responder
Então eu escuto.
Eu só vou falar
Na hora de falar
Então eu escuto.
Fala.
Sim, meus caros, demorei-me bastante a começar a falar.
Ouvia, observava, observava mais um pouco e ouvia: jamais achava que a minha fala era necessária. Poucas vezes acreditava que falar certas coisas valia a pena. Pensava que as pessoas falavam demais. Fabiano mudo até vinte e poucos anos.
Disto coisas boas e más:
1) agora tenho certeza de que não há necessidade de se falar tanto;
2) sei muito sobre os outros, percebo muito, noto nuances divertidíssimas;
2) não sei me expressar direito quando falo. Se pudesse, escreveria sempre;
Mas o fato é que o feitiço se virou: ando verborrágico, falando demais.
E como não sei falar, acabo falando besteira, me excedendo, fazendo o desejo jorrar da ponta da língua (língua como o maior orgão para satisfação de desejos), o que me tem feito falar ainda mais um pouco pra pedir desculpas, pra explicar que sei que a minha fala pode estar atravessando o desejo alheio, que a minha fala não deve ser muito considerada.
Cala.
_______________________________________________________________
Fato: os bebês de colo me amam. Não sei o que eles vêm de tão engraçado em mim, mas olham pra minha cara e começam a rir.
Fato: eu nunca sei e nunca saberei o que fazer, simplesmente porque não sei lidar com pessoas desconhecidas. Tenho dificuldade em primeiros contatos, ainda que sejam com bebês.
Então eu pego uma revista, me viro, vou tomar água.
Mas se alguém já a viua cena, aí fudeu. Moço mal, não gosta de crianças, coisa e tal.
- Não minha senhora, mas é que com o bebê não há linguagem fática. Com bebê eu não posso falar sobre o tempo ou sobre o jogo da seleção. Então eu fico sem graça. Então eu é que fico com vontade de chamar a minha mãe.
Ontem fui fazer um exame e um deles ficou rindo pra mim. Fui ao banheiro e não voltei mais.
Finalmente ele ganhou: já que insiste tanto em aparecer, agora vai. Quem sabe assim ele some.
Com vocês, o dito:
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que,
tecido, se eleva por si: luz balão. (JCMN)
Agora posso voltar a escrever em paz.
________________________________________________________________
Ontem escutei uma música que não ouvia há uns dez anos.
Normal, vocês poderiam dizer. E o que isso teria de mais? Dããã...
Aí é que entra a questão: era uma das minhas cançoes preferidas e simplesmente tinha sumido, tinha se apagado da minha cachola. Coisa estranha, hein...?
Bom, o fato é que eu adorava Fala, dos Secos & Molhados.
Adorava porque é o tipo de composição que gosto: piano, violinos em "crescendo", um teclado malucão, uma melodia linda, um vocal sem comentários.
Adorava porque a letra falava sobre mim de uma maneira assustadora.
Eu não sei dizer
Nada por dizer
Então eu escuto.
Se você disser
Tudo o que quiser
Então eu escuto.
Fala.
Se eu não entender
Não vou responder
Então eu escuto.
Eu só vou falar
Na hora de falar
Então eu escuto.
Fala.
Sim, meus caros, demorei-me bastante a começar a falar.
Ouvia, observava, observava mais um pouco e ouvia: jamais achava que a minha fala era necessária. Poucas vezes acreditava que falar certas coisas valia a pena. Pensava que as pessoas falavam demais. Fabiano mudo até vinte e poucos anos.
Disto coisas boas e más:
1) agora tenho certeza de que não há necessidade de se falar tanto;
2) sei muito sobre os outros, percebo muito, noto nuances divertidíssimas;
2) não sei me expressar direito quando falo. Se pudesse, escreveria sempre;
Mas o fato é que o feitiço se virou: ando verborrágico, falando demais.
E como não sei falar, acabo falando besteira, me excedendo, fazendo o desejo jorrar da ponta da língua (língua como o maior orgão para satisfação de desejos), o que me tem feito falar ainda mais um pouco pra pedir desculpas, pra explicar que sei que a minha fala pode estar atravessando o desejo alheio, que a minha fala não deve ser muito considerada.
Cala.
_______________________________________________________________
Fato: os bebês de colo me amam. Não sei o que eles vêm de tão engraçado em mim, mas olham pra minha cara e começam a rir.
Fato: eu nunca sei e nunca saberei o que fazer, simplesmente porque não sei lidar com pessoas desconhecidas. Tenho dificuldade em primeiros contatos, ainda que sejam com bebês.
Então eu pego uma revista, me viro, vou tomar água.
Mas se alguém já a viua cena, aí fudeu. Moço mal, não gosta de crianças, coisa e tal.
- Não minha senhora, mas é que com o bebê não há linguagem fática. Com bebê eu não posso falar sobre o tempo ou sobre o jogo da seleção. Então eu fico sem graça. Então eu é que fico com vontade de chamar a minha mãe.
Ontem fui fazer um exame e um deles ficou rindo pra mim. Fui ao banheiro e não voltei mais.
4.12.06
Godspell
Hoje me deu uma saudade, mas uma saudade de Godspell.
Então fui procurar coisas no Google, no YouTube, e acabei achando algo que interessou.
Queria mais imagens, sim, mas esta aí de cima, da capa do disco, já me serviu.
E serviu porque no Youtube tem quase o filme todo, ou ao menos quase todas as canções.
Tem All for the Best: http://www.youtube.com/watch?v=UhVaQbyWz_g&mode=related&search=
Tem Bless the Lord: http://www.youtube.com/watch?v=csz8CYXjOB4&mode=related&search=
Tem Beautiful City: http://www.youtube.com/watch?v=NBjUchDgLOs&mode=related&search=.
Tem todo o resto.
Tenterei recuperar algumas fotos da nossa montagem e colocá-las aqui.
Tenho uma só, de um ensaio. Vamos ver o que sai da Opus esta semana.
3.12.06
Porque hoje é sábado...
Quais sinais devem ser seguidos?
Há um descompasso entre o meu corpo e o meu cérebro, reestabelecendo um cartesianismo que já deveria ser arcaico.
De um lado a dor, e do outro tudo o que é possível.
Engolir o mundo só não me é possível por conta do meu corpo falho.
Og ég fæ blóðnasir
En ég stend alltaf upp
Até quando?
Sim, estou com medo.
Pode ser nada, mas quero que isto seja afirmado, repetido, comprovado. Até então...
Sexta faço trinta e dois anos. Ando ultimamente no mundo dos sonhos.
Retorno aos 6 e misturo imagens esmaecidas com pensamento complexo.
Descompasso novamente.
Repensar o mundo atravessando as sensações com lógica formal.
Minha mãe me deixa na escola pela primeira vez. Entra no Fusca naquele dia chuvoso e some. Quem é S e quem é P? Munch aristotelizado.
_____________________________________________________________________________________
A seda azul do papel que envolve a maçã: sempre senti o cheiro deste verso.
_____________________________________________________________________________________
Pouquíssimas letras de música são poemas verdadeiros. A maioria não passa de um bando de orações fracas potencializadas pela melodia. Tenho asco de quem não percebe isto. Comparar Chico Buarque com João Cabral é uma infâmia. Chega a doer. Dói tanto quanto a dor de quem não entende a música cabralina. Esta é dadaísmo pessoal. É música satinesca.
A minha é Gubaidulina. Foi tirada de Gubaidulina e de Schnittke. É provável que jamais seja algo, mas é uma tentativa com sinceros tons formais. E friso isto: uma tentativa ingênua, purificada, longe da bobagem musical hermaniana. Aliás, sempre ligo este pessoal à crítica ao jazz que é claramente de Adorno na Dialética do Esclarecimento: muito claro que há objetivos secundários. Muito claro que a estética se dissocia de si e se torna mentira. Cada movimento interessante é criado para ser interessante, e não para ser movimento. E assim se desenvolve a nova salvação da música brasileira, que não passa de pop bem feito com todos o elementos imagéticos da salvação: cristos no backstage.
E viva a dipirona.
Há um descompasso entre o meu corpo e o meu cérebro, reestabelecendo um cartesianismo que já deveria ser arcaico.
De um lado a dor, e do outro tudo o que é possível.
Engolir o mundo só não me é possível por conta do meu corpo falho.
Og ég fæ blóðnasir
En ég stend alltaf upp
Até quando?
Sim, estou com medo.
Pode ser nada, mas quero que isto seja afirmado, repetido, comprovado. Até então...
Sexta faço trinta e dois anos. Ando ultimamente no mundo dos sonhos.
Retorno aos 6 e misturo imagens esmaecidas com pensamento complexo.
Descompasso novamente.
Repensar o mundo atravessando as sensações com lógica formal.
Minha mãe me deixa na escola pela primeira vez. Entra no Fusca naquele dia chuvoso e some. Quem é S e quem é P? Munch aristotelizado.
_____________________________________________________________________________________
A seda azul do papel que envolve a maçã: sempre senti o cheiro deste verso.
_____________________________________________________________________________________
Pouquíssimas letras de música são poemas verdadeiros. A maioria não passa de um bando de orações fracas potencializadas pela melodia. Tenho asco de quem não percebe isto. Comparar Chico Buarque com João Cabral é uma infâmia. Chega a doer. Dói tanto quanto a dor de quem não entende a música cabralina. Esta é dadaísmo pessoal. É música satinesca.
A minha é Gubaidulina. Foi tirada de Gubaidulina e de Schnittke. É provável que jamais seja algo, mas é uma tentativa com sinceros tons formais. E friso isto: uma tentativa ingênua, purificada, longe da bobagem musical hermaniana. Aliás, sempre ligo este pessoal à crítica ao jazz que é claramente de Adorno na Dialética do Esclarecimento: muito claro que há objetivos secundários. Muito claro que a estética se dissocia de si e se torna mentira. Cada movimento interessante é criado para ser interessante, e não para ser movimento. E assim se desenvolve a nova salvação da música brasileira, que não passa de pop bem feito com todos o elementos imagéticos da salvação: cristos no backstage.
E viva a dipirona.
28.11.06
Muitos acontecimentos hoje.
Tive um dia cheio mas consegui resolver muitas coisas, consegui fazer coisas novas, consegui me lembrar de coisas importantes.
Sim, me lembrar. Tenho tido acessos de lembrança, mas de lembranças boas.
O fato de estar novamente circulando pela ruas do velho São Bernardo está me fazendo bem. Em cada esquina uma história. Em cada esquina uma viagem e um apagão do presente. Só tenho que me cuidar para não morrer atropelado.
Hoje passei em frente à Sociedade dos Amigos do Bairro São Bernardo. Isto existe pessoal, e foi lá a festa de casamento dos meus pais. 8745 pessoas, incluindo eu na barriga da minha mãe.
Lá também trabalhava a Tia Luzia, irmã da minha avó, uma das figuras que eu tive a maior sorte e o maior prazer de conhecer. Fumava sem parar, falava palavrão às tantas, era divertidíssima e tinha lindos, lindos olhos azuis.
A Tia Luzia era enfermeira e secretária da Sociedade.
Isto porque a Sociedade tinha médicos que atendiam a população do bairro, assim como dentistas. Eu fui várias vezes ao médico lá, e ao contrário do que pode parecer, era algo muito bem organizado: com bons médicos, boas salas para atendimento e muito carinho.
Em frente à Sociedade também foi dada a largada para o meu primeiro evento esportivo. Eu tinha uns nove anos, era uma corrida pelas ruas do bairro, e quem deu o tiro inicial foi o Ademar Ferreira da Silva. Passei a noite toda fazendo planos, bolando estratégias, contabilizando possibilidades para vencer. Mal dormi.
Já no mundo real eu corri o primeiro quarteirão, o segundo, o terceiro. No quarto me cansei, comecei a caminhar, e fui batendo papo com um outro perdedor até a linha de chegada. Foi então que eu percebi o verdadeiro sentido de "o que vale é participar": como só um ganha, o resto tem que ter uma desculpa convincente. Bem resignado, bem cristão.
Bem, passei em frente à Sociedade porque fui ensaiar na Opus. Fabiano voltará aos palcos, ainda que seja para uma participação irrisória. Mas foi muito bom, foi ótimo estar lá novamente. A mesma sala, o mesmo calor insuportável, o mesmo Carlão lembrando de todas as marcações feitas há 20 anos e esquecendo tudo em seguida.
Foi bom trabalhar com o corpo de novo: sentir, ver, experimentar em cima da carne. Tinha me esquecido disto, e hoje me lembrei, assim como das histórias da Sociedade.
_______________________________________________________________________________
Nietzsche escreveu coisas interessantes sobre a memória. Dizia que o homem é um animal doente porque é o único animal que pode fazer promessas. O único que tem memória, e que sofre por ela. A saúde estaria no esquecimento, que para ele não seria algo passivo, falho, mas uma força ativa: o esquecimento como uma função operativa. Não é necessário comentar o que a psicanálise fez com isso: o que é o trauma? O que é o recalque?
Eu estou trocando lembranças más por boas. Tentando me curar.
_______________________________________________________________________________
Hoje estava parado esperando para atravessar uma rua do Centro quando começou uma chuva absurda. Havia uma velhinha na minha frente, quase de costas pra mim. Uma moça parou ao lado da senhora, e ficou lá, por alguns segundos, de baixo d'água, aguardando os carros passarem. A velhinha então não teve dúvidas: dividiu o guarda-chuva que ela carregava com a moça. Disse assim: não, esperar este tempo todo aqui, você vai se molhar muito, eu te levo até aquela marquise. Achei aquilo lindo, e soltei os cachorros pro meu analista dizendo que o mundo precisava mais daquilo: de gentileza. E que se ninguém mais fazia estas coisas, eu era favor do retorno das aulas de Educação Moral e Cívica, porque se não se faz por bem, que se faça por mal: mas que se faça.
Claro que ele falou que eu era mesmo de direita.
Engraçado: tentar pôr ordem no mundo significa ser de direita. Então que se fique com a educação de esquerda, onde todo mundo faz o que quer porque é mais libertário (ué, liberdade não é coisa de direita? Ai senhor Bobbio). Onde todo mundo é igual (agora sim, igualdade é coisa de esquerda). Onde os avanços têm que ser em grupo, e por isso ninguém pode ser reprovado, o que causaria uma desestabilização no indíviduo e na "causa".
É. acho que é hora de dormir. Até mais...
Tive um dia cheio mas consegui resolver muitas coisas, consegui fazer coisas novas, consegui me lembrar de coisas importantes.
Sim, me lembrar. Tenho tido acessos de lembrança, mas de lembranças boas.
O fato de estar novamente circulando pela ruas do velho São Bernardo está me fazendo bem. Em cada esquina uma história. Em cada esquina uma viagem e um apagão do presente. Só tenho que me cuidar para não morrer atropelado.
Hoje passei em frente à Sociedade dos Amigos do Bairro São Bernardo. Isto existe pessoal, e foi lá a festa de casamento dos meus pais. 8745 pessoas, incluindo eu na barriga da minha mãe.
Lá também trabalhava a Tia Luzia, irmã da minha avó, uma das figuras que eu tive a maior sorte e o maior prazer de conhecer. Fumava sem parar, falava palavrão às tantas, era divertidíssima e tinha lindos, lindos olhos azuis.
A Tia Luzia era enfermeira e secretária da Sociedade.
Isto porque a Sociedade tinha médicos que atendiam a população do bairro, assim como dentistas. Eu fui várias vezes ao médico lá, e ao contrário do que pode parecer, era algo muito bem organizado: com bons médicos, boas salas para atendimento e muito carinho.
Em frente à Sociedade também foi dada a largada para o meu primeiro evento esportivo. Eu tinha uns nove anos, era uma corrida pelas ruas do bairro, e quem deu o tiro inicial foi o Ademar Ferreira da Silva. Passei a noite toda fazendo planos, bolando estratégias, contabilizando possibilidades para vencer. Mal dormi.
Já no mundo real eu corri o primeiro quarteirão, o segundo, o terceiro. No quarto me cansei, comecei a caminhar, e fui batendo papo com um outro perdedor até a linha de chegada. Foi então que eu percebi o verdadeiro sentido de "o que vale é participar": como só um ganha, o resto tem que ter uma desculpa convincente. Bem resignado, bem cristão.
Bem, passei em frente à Sociedade porque fui ensaiar na Opus. Fabiano voltará aos palcos, ainda que seja para uma participação irrisória. Mas foi muito bom, foi ótimo estar lá novamente. A mesma sala, o mesmo calor insuportável, o mesmo Carlão lembrando de todas as marcações feitas há 20 anos e esquecendo tudo em seguida.
Foi bom trabalhar com o corpo de novo: sentir, ver, experimentar em cima da carne. Tinha me esquecido disto, e hoje me lembrei, assim como das histórias da Sociedade.
_______________________________________________________________________________
Nietzsche escreveu coisas interessantes sobre a memória. Dizia que o homem é um animal doente porque é o único animal que pode fazer promessas. O único que tem memória, e que sofre por ela. A saúde estaria no esquecimento, que para ele não seria algo passivo, falho, mas uma força ativa: o esquecimento como uma função operativa. Não é necessário comentar o que a psicanálise fez com isso: o que é o trauma? O que é o recalque?
Eu estou trocando lembranças más por boas. Tentando me curar.
_______________________________________________________________________________
Hoje estava parado esperando para atravessar uma rua do Centro quando começou uma chuva absurda. Havia uma velhinha na minha frente, quase de costas pra mim. Uma moça parou ao lado da senhora, e ficou lá, por alguns segundos, de baixo d'água, aguardando os carros passarem. A velhinha então não teve dúvidas: dividiu o guarda-chuva que ela carregava com a moça. Disse assim: não, esperar este tempo todo aqui, você vai se molhar muito, eu te levo até aquela marquise. Achei aquilo lindo, e soltei os cachorros pro meu analista dizendo que o mundo precisava mais daquilo: de gentileza. E que se ninguém mais fazia estas coisas, eu era favor do retorno das aulas de Educação Moral e Cívica, porque se não se faz por bem, que se faça por mal: mas que se faça.
Claro que ele falou que eu era mesmo de direita.
Engraçado: tentar pôr ordem no mundo significa ser de direita. Então que se fique com a educação de esquerda, onde todo mundo faz o que quer porque é mais libertário (ué, liberdade não é coisa de direita? Ai senhor Bobbio). Onde todo mundo é igual (agora sim, igualdade é coisa de esquerda). Onde os avanços têm que ser em grupo, e por isso ninguém pode ser reprovado, o que causaria uma desestabilização no indíviduo e na "causa".
É. acho que é hora de dormir. Até mais...
21.11.06
Dos poemas antigos
Escrito na contracapa de um Neruda
Acabastes de pedir-me
um abraço.
Dei-o, dizendo que
te amo, e
guardei-o aqui,
entre estas duas
folhas claras,
pensando torná-lo
eterno feito poema.
Acabastes de pedir-me
um abraço.
Dei-o, dizendo que
te amo, e
guardei-o aqui,
entre estas duas
folhas claras,
pensando torná-lo
eterno feito poema.
Segue abaixo o texto da discórdia.
Dia-a-dia
O mito é nada que é tudo.
Esta é a aula de percepção com que Fernando Pessoa nos brinda em um de seus poemas de Mensagem.
O mito, aquilo que é fábula, que não tem existência, fantástico por natureza, possui o poder de esconder, sob si, uma realidade que também não existe.
De criar, a partir de si, toda uma série de acontecimentos. De gerar tudo: um mundo novo, novinho em folha.
E continua o poeta:
Este (mito), que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
O mito e aquilo o que ele faz, e isto é óbvio, na realidade não têm existência.
O mito existe apenas na crença, na nossa crença que faz com que o nada seja algo.
E uma coisa engraçada: é até bom que ele não exista, ou que tenha uma existência pequena, pois assim ele pode ser tudo aquilo que queremos que ele seja. O mito é construído à imagem de nossas vontades.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Pois bem: acreditamos naquilo que não existe.
Acreditamos nas coisas que aquilo que não existe faz.
Claro que assim uma nova realidade é criada. Uma realidade que é ilusão, que é sonho, que é alucinação.
O mito é isto: dele brota todo um mundo de nadas; todo um universo que esconde aquilo que, digamos, é real. E este real, que na maioria das vezes é aquilo que não queremos, que não aceitamos, se transforma, ao se aproximar do mito, em mentira.
Assim, com o mito, a vida fica toda invertida: a verdade é mentira, e a mentira é verdade.
E enquanto isto? Enquanto preferimos acreditar neste nada, sonhar com este nada, alucinar este nada?
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
O mito, a ideologia e senso comum às vezes são a mesma coisa. O mito, a ideologia e senso-comum nos impedem de pensar.
Pense nisso, e até semana que vem...
O mito é nada que é tudo.
Esta é a aula de percepção com que Fernando Pessoa nos brinda em um de seus poemas de Mensagem.
O mito, aquilo que é fábula, que não tem existência, fantástico por natureza, possui o poder de esconder, sob si, uma realidade que também não existe.
De criar, a partir de si, toda uma série de acontecimentos. De gerar tudo: um mundo novo, novinho em folha.
E continua o poeta:
Este (mito), que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
O mito e aquilo o que ele faz, e isto é óbvio, na realidade não têm existência.
O mito existe apenas na crença, na nossa crença que faz com que o nada seja algo.
E uma coisa engraçada: é até bom que ele não exista, ou que tenha uma existência pequena, pois assim ele pode ser tudo aquilo que queremos que ele seja. O mito é construído à imagem de nossas vontades.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Pois bem: acreditamos naquilo que não existe.
Acreditamos nas coisas que aquilo que não existe faz.
Claro que assim uma nova realidade é criada. Uma realidade que é ilusão, que é sonho, que é alucinação.
O mito é isto: dele brota todo um mundo de nadas; todo um universo que esconde aquilo que, digamos, é real. E este real, que na maioria das vezes é aquilo que não queremos, que não aceitamos, se transforma, ao se aproximar do mito, em mentira.
Assim, com o mito, a vida fica toda invertida: a verdade é mentira, e a mentira é verdade.
E enquanto isto? Enquanto preferimos acreditar neste nada, sonhar com este nada, alucinar este nada?
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
O mito, a ideologia e senso comum às vezes são a mesma coisa. O mito, a ideologia e senso-comum nos impedem de pensar.
Pense nisso, e até semana que vem...
17.11.06
Tenho que terminar de contar as coisas de ontem, então...
Fui ao supermercado e comprei três grandes barras de chocolate e três garrafas de H2OH.
Suprimento antidepressivo. Como não posso beber (por enquanto) enfio o pé na jaca tomando H2OH. É o limite do subversivo com que Fabiano pode lidar atualmente: ficar doidão com água. Já o chocolate tem a ver com Maracangalha. Viu só como água deixa locão?
O dia de hoje começou chato. Andei de um lado para o outro pensando que não havia tido ainda uma percepção fantástica sequer, daquelas que a gente acha que vai salvar o mundo ou escrever um grande poema com ela.
Mal sabia eu, mas estava tudo reservado para a noite.
Meu irmão me convidou para o lançamento de um livro na escola dele. Chegando lá, além do lançamento, havia um sarau.
Muito bom de tão ruim que era a maioria do povo que se apresentou. Na verdade, estava mais pra show de calouros.
Melhor que qualquer sarau que eu já havia ido, já que sarau é a coisa mais chata do mundo. Aliás, não sei por que sarau existe. Aliás, sei sim: o sarau é uma reunião de narcisistas sadomasoquistas que querem foder consigo e com os outros através da arte. Arte que também, diga-se de passagem, é algo chato logo que se transforma em arte (um poema é legal enquanto poema - quando vira arte fica uma merda, como os poemas de um sarau).
Bem, o que interessa nesta história é que a Jany, a Carla e o Carlão estavam lá.
O que interessa é que a cavalaria estava montada para me colocar no colo. E conseguiram.
Ninguém tocou no assunto até que eu resolvesse falar, mas depois...
Muita força, muito aconchego, muito de tudo que pudesse me deixar pra cima.
Eu e a Carla comemos muito queijo, muitos canapés, tomamos muito ponche, conversamos muito, rimos muito.
A Jany, como sempre, extrapolou muito: jogou um frasco de essência na minha cabeça e disse que era pra me limpar das coisas ruins.
O Carlão se limitou a rir muito.
Já eu, fiquei muito feliz.
Legal também que, não sei como, a molecada já estava em polvorosa com o novo professor de Filosofia. Gente tentando se enturmar, me chamando pelo nome, eu hein!!??
Bom, enfim: redescobri o quanto gosto dos meus amigos, e o quanto eles gostam de mim. Foi confortável, reconfortante, revigorante. Isto pode não salvar o mundo, mas me salvou por hoje, e pode ser que dê poema.
Sentando aqui ainda me deparei com um e-mail dinamarquês: a cavalaria estrangeira, talvez a mais importante, também está a postos. Estou me sentindo abraçado hoje. Muito bem, obrigado.
Agora só me falta a Nália.
Fui ao supermercado e comprei três grandes barras de chocolate e três garrafas de H2OH.
Suprimento antidepressivo. Como não posso beber (por enquanto) enfio o pé na jaca tomando H2OH. É o limite do subversivo com que Fabiano pode lidar atualmente: ficar doidão com água. Já o chocolate tem a ver com Maracangalha. Viu só como água deixa locão?
O dia de hoje começou chato. Andei de um lado para o outro pensando que não havia tido ainda uma percepção fantástica sequer, daquelas que a gente acha que vai salvar o mundo ou escrever um grande poema com ela.
Mal sabia eu, mas estava tudo reservado para a noite.
Meu irmão me convidou para o lançamento de um livro na escola dele. Chegando lá, além do lançamento, havia um sarau.
Muito bom de tão ruim que era a maioria do povo que se apresentou. Na verdade, estava mais pra show de calouros.
Melhor que qualquer sarau que eu já havia ido, já que sarau é a coisa mais chata do mundo. Aliás, não sei por que sarau existe. Aliás, sei sim: o sarau é uma reunião de narcisistas sadomasoquistas que querem foder consigo e com os outros através da arte. Arte que também, diga-se de passagem, é algo chato logo que se transforma em arte (um poema é legal enquanto poema - quando vira arte fica uma merda, como os poemas de um sarau).
Bem, o que interessa nesta história é que a Jany, a Carla e o Carlão estavam lá.
O que interessa é que a cavalaria estava montada para me colocar no colo. E conseguiram.
Ninguém tocou no assunto até que eu resolvesse falar, mas depois...
Muita força, muito aconchego, muito de tudo que pudesse me deixar pra cima.
Eu e a Carla comemos muito queijo, muitos canapés, tomamos muito ponche, conversamos muito, rimos muito.
A Jany, como sempre, extrapolou muito: jogou um frasco de essência na minha cabeça e disse que era pra me limpar das coisas ruins.
O Carlão se limitou a rir muito.
Já eu, fiquei muito feliz.
Legal também que, não sei como, a molecada já estava em polvorosa com o novo professor de Filosofia. Gente tentando se enturmar, me chamando pelo nome, eu hein!!??
Bom, enfim: redescobri o quanto gosto dos meus amigos, e o quanto eles gostam de mim. Foi confortável, reconfortante, revigorante. Isto pode não salvar o mundo, mas me salvou por hoje, e pode ser que dê poema.
Sentando aqui ainda me deparei com um e-mail dinamarquês: a cavalaria estrangeira, talvez a mais importante, também está a postos. Estou me sentindo abraçado hoje. Muito bem, obrigado.
Agora só me falta a Nália.
16.11.06
Hoje pela manhã fui a um laboratório fazer exames.
Peguei o ônibus com uma sacolinha de O Boticário contendo 1l de xixi, e andei pelo centro da cidade como se nada houvesse de estranho. Sim , as aparências enganam e, neste caso, gargalham também.
Cheguei ao lugar às 10:30h, bem a tempo de encontrar uma menininha imbecil, com cerca de 4 anos de idade, que batia com os pés no chão, que rolava, que berrava, que irritava. Ela queria ficar sentada no balcão e o pai não deixava. Motivo suficiente pro show.
Bem, o que seguiu acabou por deixar tudo às claras.
Um tempinho se passou, e a enfermeira veia à porta chamar a criatura: - Maitê, box 1.
Sim meus amigos, a criatura se chamava Maitê. Isto explica tudo, não? Se você quiser ter uma filha minimamente interessante e consciente não ponha o nome de Maitê. A culpa ali era, portanto, dos pais, e Maitê só tratava de manter a escrita.
Dois minutos depois de a pentelha entrar comecei a ouvir os berros.
Sim, Maitezinha foi fazer exame de sangue.
Todos que estavam na sala de espera se entreolharam e se sentiram vingados.
Sim Maitezinha, tudo pode piorar.
Sim Maitezinha, agora você tem motivos pra espernear.
Sim Maitezinha, é provável que você nunca aprenda a hora certa de chorar.
Esta será tua herança maldita, colocada em seu caminho antes de você nascer, Maitê.
Maitê, a culpa é também, neste caso, dos seus pais.
Maitezinha saiu e eu fui chamado: - Fabiano Roberto, Box 3. Quase mandei uma cadeira na cabeça da enfermeira. Não bastava ter levado xixi pra passear. Não bastava a dor. Não bastava a Maitezinha: ela tinha que me lembrar de que meu nome é Fabiano Roberto - sim Mônica, pode rir. Aliás, não só me lembrou, como espalhou pro lugar todo. Deveria ter aberto o xixi e jogado na cabeça de todo mundo que ria por dentro.
Fabiano Roberto fez o que tinha que fazer e foi embora.
O centro é estranho em feriados.
Muitos mendigos que, é claro, estão sempre ali, mas se tornam imperceptíveis por conta do vai e vem das pessoas. Nos dias vazios eles não se misturam à paisagem; saltam dela, se ressaltam: feios, tristes, desesperadamente sós - Ah look at all the lonely people. E Fabiano Roberto vai pelo centro fazendo sua redução fenomenológica sobre os mendigos.
À noite vi o filme do Cazuza que só eu não tinha visto. Cortes muito mal feitos entre uma cena e outra. Cortes-tapa. Cortes-sopetão. Deixaram o filme feio, irritante, parecendo cinema nacional das antigas. Chorei com "se eu não posso te levar, quero que você me leve". É lindo isto, não?
Amanhã tem mais.
Peguei o ônibus com uma sacolinha de O Boticário contendo 1l de xixi, e andei pelo centro da cidade como se nada houvesse de estranho. Sim , as aparências enganam e, neste caso, gargalham também.
Cheguei ao lugar às 10:30h, bem a tempo de encontrar uma menininha imbecil, com cerca de 4 anos de idade, que batia com os pés no chão, que rolava, que berrava, que irritava. Ela queria ficar sentada no balcão e o pai não deixava. Motivo suficiente pro show.
Bem, o que seguiu acabou por deixar tudo às claras.
Um tempinho se passou, e a enfermeira veia à porta chamar a criatura: - Maitê, box 1.
Sim meus amigos, a criatura se chamava Maitê. Isto explica tudo, não? Se você quiser ter uma filha minimamente interessante e consciente não ponha o nome de Maitê. A culpa ali era, portanto, dos pais, e Maitê só tratava de manter a escrita.
Dois minutos depois de a pentelha entrar comecei a ouvir os berros.
Sim, Maitezinha foi fazer exame de sangue.
Todos que estavam na sala de espera se entreolharam e se sentiram vingados.
Sim Maitezinha, tudo pode piorar.
Sim Maitezinha, agora você tem motivos pra espernear.
Sim Maitezinha, é provável que você nunca aprenda a hora certa de chorar.
Esta será tua herança maldita, colocada em seu caminho antes de você nascer, Maitê.
Maitê, a culpa é também, neste caso, dos seus pais.
Maitezinha saiu e eu fui chamado: - Fabiano Roberto, Box 3. Quase mandei uma cadeira na cabeça da enfermeira. Não bastava ter levado xixi pra passear. Não bastava a dor. Não bastava a Maitezinha: ela tinha que me lembrar de que meu nome é Fabiano Roberto - sim Mônica, pode rir. Aliás, não só me lembrou, como espalhou pro lugar todo. Deveria ter aberto o xixi e jogado na cabeça de todo mundo que ria por dentro.
Fabiano Roberto fez o que tinha que fazer e foi embora.
O centro é estranho em feriados.
Muitos mendigos que, é claro, estão sempre ali, mas se tornam imperceptíveis por conta do vai e vem das pessoas. Nos dias vazios eles não se misturam à paisagem; saltam dela, se ressaltam: feios, tristes, desesperadamente sós - Ah look at all the lonely people. E Fabiano Roberto vai pelo centro fazendo sua redução fenomenológica sobre os mendigos.
À noite vi o filme do Cazuza que só eu não tinha visto. Cortes muito mal feitos entre uma cena e outra. Cortes-tapa. Cortes-sopetão. Deixaram o filme feio, irritante, parecendo cinema nacional das antigas. Chorei com "se eu não posso te levar, quero que você me leve". É lindo isto, não?
Amanhã tem mais.
19.10.06
Aqualogia I
N U V E M
D
E
E
G
O
T
A
E
M
M
G
O
T
A
O
T
A
ENXURRADARIO
FALTADESEDEBRINCADEIRABANHO
FALTADESEDEBRINCADEIRABANHO
P
A
R
A
A
S
G
O
T
A
S
QUE
RESTAM
A
R
A
A
S
G
O
T
A
S
QUE
RESTAM
O C E A N O
18.10.06
Coisas
Preleções à Ética Divinesca
Primeiro Cantoração
Ferrolhas lâmpadas incandescentes
Saltando afora da vagina multicircular
Pasmada pelo choque errol-methenyiano
Que com baquetas tocaram-lhe carinhosamente
O complementar ânus vegeto e semiverde
Causando-lhe prazerosas constrições de chacoalho
À medida que pesapoderosos carros atravessam
As vias gerando agito trepido à lépida trepadolha.
A conectura elétrica da lâmpada
Cocegando como se dentro da
Boceta fechada a sêmen-de-contato
Possível fosse abandono da prenha
Centopéia agitada a passadas curtas que
Jamais voltaria a rever néonbregadeputeiro
Ou moleques famintos de sinaleiros ou rimas
Que não dizem a que vieram a rins alugados
Necroses e tetas de vacas parindo leiteritema
Para amanhã cedo pós charuto pustulento.
boa noite mamãe boa noite papai boa noite papai do céu amém
Segundo Cantoração
Apreciai as colunas similiformes.
Agradecei à beleza das eqüidades
E das impessoais doações de
Excessivas claridades bondosumanas.
Observai pássaros divinizadores
Sussurrando o verbo do bem-aventurado
Futuro sobrevoando de modo
Arquejante auréolas cranianas.
Agradecei e lembrai e pensai
Sobre o verme no interior
Do pássaro.
Emnomedopaifilhodatrepadorapombabrancamém
Terceiro Cantoração
Espremeduras de fezes cantarolando
Pseudointelectocanções avermelhadas
No embalejante instrumentalizar
Do violinista caolho e agora ventríloco
Colóstomosingers ou os omd amer da
No programadeaumictório do sábado
À tarde não perca mais aberratrações
Engraçadelhosas no próximo dia.
O homemacriançaamulher
Família formante do balletcancróide
E a satisfagarantida do outro lado
Da tela com as moscas do lado de
Fora que nadamaisé que teto e parede
E frestas de minh´alma cacarejante de
Pensar no menino comendocudegalinhashow.
P.S – Caipira, claro.
Papai do céu proteja todos os meus amigos amém
Interlúdico
Mesmo se pudesse realizar
Todas as vontades a que tenho
Dado o nome de sonhos,
Ainda sentiria náuseas do
Cansaço de estar sonhando.
Quarto Cantoração
Pólipos policiassassinos
Estrangulandoas putas munição
Na boca de crianças e sanguessugas
De escritório escritas strippers tripas
No corredor de ônibus pobrejos malcheirosos
Recriando nordestinamente a cidade arte
À la pixopichadoentescerebelais.
Chuva lavando sangue hic et nunc e
Chavébrios de mentalodosos baréticos
Pela madrugada inssossana e a urbe pletora
De continuências acidentórias e asfálticas
O que se verá na manhã cagada pelo
Peristaltioso universo humanobrado onde
Em manhãs de domenica putas oram enquanto
Freiras recolhem o viril metal por conta da nova
Diversão que começa.
Boa noite irmãzinha irmãozinho bichinhos amém
Quinto Cantoração
ou
Dísticos quasiversinhoanglosaxão de inspiração nietzschidéciopivaniana a serem reiterados a cada refedefecção.
Em construção...
God is dead,
But his flesh still smelling mad.
Adeus mamãe adeus papai adeus papai do céu do seu menininho amém
B
M A D
S
UP SET
Primeiro Cantoração
Ferrolhas lâmpadas incandescentes
Saltando afora da vagina multicircular
Pasmada pelo choque errol-methenyiano
Que com baquetas tocaram-lhe carinhosamente
O complementar ânus vegeto e semiverde
Causando-lhe prazerosas constrições de chacoalho
À medida que pesapoderosos carros atravessam
As vias gerando agito trepido à lépida trepadolha.
A conectura elétrica da lâmpada
Cocegando como se dentro da
Boceta fechada a sêmen-de-contato
Possível fosse abandono da prenha
Centopéia agitada a passadas curtas que
Jamais voltaria a rever néonbregadeputeiro
Ou moleques famintos de sinaleiros ou rimas
Que não dizem a que vieram a rins alugados
Necroses e tetas de vacas parindo leiteritema
Para amanhã cedo pós charuto pustulento.
boa noite mamãe boa noite papai boa noite papai do céu amém
Segundo Cantoração
Apreciai as colunas similiformes.
Agradecei à beleza das eqüidades
E das impessoais doações de
Excessivas claridades bondosumanas.
Observai pássaros divinizadores
Sussurrando o verbo do bem-aventurado
Futuro sobrevoando de modo
Arquejante auréolas cranianas.
Agradecei e lembrai e pensai
Sobre o verme no interior
Do pássaro.
Emnomedopaifilhodatrepadorapombabrancamém
Terceiro Cantoração
Espremeduras de fezes cantarolando
Pseudointelectocanções avermelhadas
No embalejante instrumentalizar
Do violinista caolho e agora ventríloco
Colóstomosingers ou os omd amer da
No programadeaumictório do sábado
À tarde não perca mais aberratrações
Engraçadelhosas no próximo dia.
O homemacriançaamulher
Família formante do balletcancróide
E a satisfagarantida do outro lado
Da tela com as moscas do lado de
Fora que nadamaisé que teto e parede
E frestas de minh´alma cacarejante de
Pensar no menino comendocudegalinhashow.
P.S – Caipira, claro.
Papai do céu proteja todos os meus amigos amém
Interlúdico
Mesmo se pudesse realizar
Todas as vontades a que tenho
Dado o nome de sonhos,
Ainda sentiria náuseas do
Cansaço de estar sonhando.
Quarto Cantoração
Pólipos policiassassinos
Estrangulandoas putas munição
Na boca de crianças e sanguessugas
De escritório escritas strippers tripas
No corredor de ônibus pobrejos malcheirosos
Recriando nordestinamente a cidade arte
À la pixopichadoentescerebelais.
Chuva lavando sangue hic et nunc e
Chavébrios de mentalodosos baréticos
Pela madrugada inssossana e a urbe pletora
De continuências acidentórias e asfálticas
O que se verá na manhã cagada pelo
Peristaltioso universo humanobrado onde
Em manhãs de domenica putas oram enquanto
Freiras recolhem o viril metal por conta da nova
Diversão que começa.
Boa noite irmãzinha irmãozinho bichinhos amém
Quinto Cantoração
ou
Dísticos quasiversinhoanglosaxão de inspiração nietzschidéciopivaniana a serem reiterados a cada refedefecção.
Em construção...
God is dead,
But his flesh still smelling mad.
Adeus mamãe adeus papai adeus papai do céu do seu menininho amém
B
M A D
S
UP SET
16.10.06
Eu apertei a mão do poeta
Textinho do Click:
Sim, eu também tenho ídolos. Todos nós os temos. A maioria dos meus escrevem ou escreviam.
Na semana passada, eu apertei a mão de um deles e me senti novamente criança: apertando a mão do Papai Noel, achando os ovos de páscoa, um passo acima da realidade, no mundo da fantasia, na lua.
os fios telegráficos simplificam as enchentes e as secas
os telefones anunciam a dissolução de todas as coisas
a paisagem racha-se de encontro com as almas
Pois bem, ele estava lá, bem na minha frente, lendo suas poesias. Dizendo seus textos, fazendo suas divagações, sendo sarcástico consigo mesmo.
O poeta tem 68 anos, sofre de Mal de Parkinson, mas não perde a fala potente, a língua construtora.
o vento sul sopra contra a solidão das janelas e as gaiolas de carne crua
Eu abro os braços para as cinzentas alamedas de São Paulo
e como um escravo vou medindo a vacilante música das flâmulas
Eu, como um aluno aplicado, levei os meus livros e acompanhei as leituras com o poeta. Descobri coisas novas em palavras que havia lido cem vezes. Nas fotos que havia olhado umas dez. Novas revelações que eu via como quem vê pela primeira vez um acrobata.
e um milhão de vaga-lumes trazendo estranhas tatuagens no ventre
se despedaçam contra os ninhos da Eternidade
O encontro estava próximo do fim. O que eu faria depois? Será que o poeta maldito, que sabia muito de filosofia, muito de história, muito de literatura, receberia alguém? Daria autógrafos? Algumas pessoas se dirigiram à mesa. Eu fui atrás.
minha vertigem entornando a alma violentamente por uma rua estranha
os insetos as nuvens costuram o espaço avermelhado de um céu sem dentes
O poeta visionário, louco, era um senhor doce, tranqüilo, que trazia carimbos para os autógrafos.
Pegou o meu livro e disse – Ah, você gosta de Paranóia é... – e eu – Poxa, é uma referência pra mim, uma paixão - ou seja, aquela fala inútil de fã.
E ele - Eu tinha 22 anos nesta época. Eu era bonito, né? Agora virei este caco.
O poeta colocou os carimbos, assinou com a mão trêmula.
Eu disse – Olha, eu trouxe uns poemas que escrevi pensando na sua obra, mas não sei se tenho cópias em casa.
Ele pegou os papéis, escreveu um endereço e falou – Mande pra cá, pra minha casa. Devolveu pra alguém uma caneta que havia emprestado, virou-se pra mim e perguntou - Qual o seu nome? Eu respondi.
Ele estendeu a mão e me disse – Muito prazer.
Que novo pensamento, que sonho sai de tua fronte noturna?
É noite. E tudo é noite.
E eu fui embora com meus presentes. Com minhas novas lembranças de criança. Divagando.
Eu havia apertado a mão do poeta. A mão que havia produzido sonhos que eu adorava ter.
Estranho, isto me fez produzir lembranças do tipo das que eu não deveria mais guardar na minha idade. Lembranças que de tão doces parecem carinhos de avó.
Onde exercitas os músculos de tua alma, agora?
Aviões iluminados dividem a noite em dois pedaços
Eu apalpo teu livro onde estrelas se refletem
Como numa lagoa
Eu também tenho ídolos.
Sim, eu também tenho ídolos. Todos nós os temos. A maioria dos meus escrevem ou escreviam.
Na semana passada, eu apertei a mão de um deles e me senti novamente criança: apertando a mão do Papai Noel, achando os ovos de páscoa, um passo acima da realidade, no mundo da fantasia, na lua.
os fios telegráficos simplificam as enchentes e as secas
os telefones anunciam a dissolução de todas as coisas
a paisagem racha-se de encontro com as almas
Pois bem, ele estava lá, bem na minha frente, lendo suas poesias. Dizendo seus textos, fazendo suas divagações, sendo sarcástico consigo mesmo.
O poeta tem 68 anos, sofre de Mal de Parkinson, mas não perde a fala potente, a língua construtora.
o vento sul sopra contra a solidão das janelas e as gaiolas de carne crua
Eu abro os braços para as cinzentas alamedas de São Paulo
e como um escravo vou medindo a vacilante música das flâmulas
Eu, como um aluno aplicado, levei os meus livros e acompanhei as leituras com o poeta. Descobri coisas novas em palavras que havia lido cem vezes. Nas fotos que havia olhado umas dez. Novas revelações que eu via como quem vê pela primeira vez um acrobata.
e um milhão de vaga-lumes trazendo estranhas tatuagens no ventre
se despedaçam contra os ninhos da Eternidade
O encontro estava próximo do fim. O que eu faria depois? Será que o poeta maldito, que sabia muito de filosofia, muito de história, muito de literatura, receberia alguém? Daria autógrafos? Algumas pessoas se dirigiram à mesa. Eu fui atrás.
minha vertigem entornando a alma violentamente por uma rua estranha
os insetos as nuvens costuram o espaço avermelhado de um céu sem dentes
O poeta visionário, louco, era um senhor doce, tranqüilo, que trazia carimbos para os autógrafos.
Pegou o meu livro e disse – Ah, você gosta de Paranóia é... – e eu – Poxa, é uma referência pra mim, uma paixão - ou seja, aquela fala inútil de fã.
E ele - Eu tinha 22 anos nesta época. Eu era bonito, né? Agora virei este caco.
O poeta colocou os carimbos, assinou com a mão trêmula.
Eu disse – Olha, eu trouxe uns poemas que escrevi pensando na sua obra, mas não sei se tenho cópias em casa.
Ele pegou os papéis, escreveu um endereço e falou – Mande pra cá, pra minha casa. Devolveu pra alguém uma caneta que havia emprestado, virou-se pra mim e perguntou - Qual o seu nome? Eu respondi.
Ele estendeu a mão e me disse – Muito prazer.
Que novo pensamento, que sonho sai de tua fronte noturna?
É noite. E tudo é noite.
E eu fui embora com meus presentes. Com minhas novas lembranças de criança. Divagando.
Eu havia apertado a mão do poeta. A mão que havia produzido sonhos que eu adorava ter.
Estranho, isto me fez produzir lembranças do tipo das que eu não deveria mais guardar na minha idade. Lembranças que de tão doces parecem carinhos de avó.
Onde exercitas os músculos de tua alma, agora?
Aviões iluminados dividem a noite em dois pedaços
Eu apalpo teu livro onde estrelas se refletem
Como numa lagoa
Eu também tenho ídolos.
15.10.06
Sem maiores comentários.
Da série coisas que têm que calar pra depois oxalá virarem futuro.
Boa viagem.
Estudos para uma bailadora andaluza
Dir-se-ia, quando aparece
dançando por siguiryas,
que com a imagem do fogo
inteira se idenifica.
Todos os gestos do fogo
que então possui dir-se-ia:
gestos da folha do fogo,
de seu cabelo, sua língua:
gestos do corpo do fogo,
de sua carne em agonia,
carne de fogo, só nervos,
carne toda em carne viva.
Então o caráter do fogo
nela também se adivinha:
mesmo gosto dos extremos,
de natureza faminta,
gosto de chegar ao fim
do que dele se aproxima,
gosto de chegar-se ao fim,
de atingir a própria cinza.
Porém a imagem do fogo
é num ponto desmentida:
que o fogo não é capaz
como ela é, nas siguiryas,
de arrancar-se de si mesmo
numa primeira faísca,
nessa que, quando ela quer,
vem e acende-a fibra a fibra,
que somente ela é capaz
de acender-se estando fria,
de incendiar-se com nada,
de incediar-se sozinha.
Da série coisas que têm que calar pra depois oxalá virarem futuro.
Boa viagem.
Estudos para uma bailadora andaluza
Dir-se-ia, quando aparece
dançando por siguiryas,
que com a imagem do fogo
inteira se idenifica.
Todos os gestos do fogo
que então possui dir-se-ia:
gestos da folha do fogo,
de seu cabelo, sua língua:
gestos do corpo do fogo,
de sua carne em agonia,
carne de fogo, só nervos,
carne toda em carne viva.
Então o caráter do fogo
nela também se adivinha:
mesmo gosto dos extremos,
de natureza faminta,
gosto de chegar ao fim
do que dele se aproxima,
gosto de chegar-se ao fim,
de atingir a própria cinza.
Porém a imagem do fogo
é num ponto desmentida:
que o fogo não é capaz
como ela é, nas siguiryas,
de arrancar-se de si mesmo
numa primeira faísca,
nessa que, quando ela quer,
vem e acende-a fibra a fibra,
que somente ela é capaz
de acender-se estando fria,
de incendiar-se com nada,
de incediar-se sozinha.
12.9.06
Bem, acho que dissociava antes da dissociação:
parecedosas mulhemieres voandocas meacenam
pertoda porta e minhaefE50 atravessa o sonho e me
acordalha pelostím panosmolhadoçuras e Água fresca
a oa cordar incordado cordatoCuore
somedaywe’llwalkintheraysofabeautifulsun
somedaywhentheworldismuchlighterLikeaflowerinthe
darkidon´treflecthelightnowhereandtrytoflyaroundthemoon
nãonão reflitero a luz sãoapenas de ornitoriso que faço
eosaposeasienasais de Tiananmenbad drink gin mentre io
peço umrum para viagem e não deveria papar de beber
até tentar ósculosemeustestículosts Mas de queadianta
seas crianças ainda morremnolíbanoirãafricanesquina
(o ator agora deverá Chorar compulsivamente)
placas de titânio no cérebro e a fenda parainjecçãoDasparoxítinas
que colorem as imagens que penetram pelos olhos naprogramação
da semana teremos “- idealismo de agulha –“ ou
eis-me um prozaqueano
na promoção troque dois ComprimidoS azuis mais dois gols do camisa dez e
e ganhe essa tal felicidade queraumacasinhaunacolinaQuandoagentequeramar .
parecedosas mulhemieres voandocas meacenam
pertoda porta e minhaefE50 atravessa o sonho e me
acordalha pelostím panosmolhadoçuras e Água fresca
a oa cordar incordado cordatoCuore
somedaywe’llwalkintheraysofabeautifulsun
somedaywhentheworldismuchlighterLikeaflowerinthe
darkidon´treflecthelightnowhereandtrytoflyaroundthemoon
nãonão reflitero a luz sãoapenas de ornitoriso que faço
eosaposeasienasais de Tiananmenbad drink gin mentre io
peço umrum para viagem e não deveria papar de beber
até tentar ósculosemeustestículosts Mas de queadianta
seas crianças ainda morremnolíbanoirãafricanesquina
(o ator agora deverá Chorar compulsivamente)
placas de titânio no cérebro e a fenda parainjecçãoDasparoxítinas
que colorem as imagens que penetram pelos olhos naprogramação
da semana teremos “- idealismo de agulha –“ ou
eis-me um prozaqueano
na promoção troque dois ComprimidoS azuis mais dois gols do camisa dez e
e ganhe essa tal felicidade queraumacasinhaunacolinaQuandoagentequeramar .
3.4.06
Desenho ao lado: olho doido. Pegou no ar...
Vamos às últimas notícias pessoais, que afinal explicam o meu desaparecimento do mundo:
1 de março - Fabiano passa o dia com muita dor de cabeça, o mundo rodando, dificuldade em ver as coisas, muito muito muito sono, impossibilidade de trabalhar.
Na cabeça de Fabiano - Ah, é stress, isto passa, tirarei o dia para fazer nada...
No dia seguinte, Fabiano passa o dia com muita dor de cabeça, o mundo girando, sem ver as coisas direito, muito muito muito muito sono, sem qualquer chance de trabalhar.
Fabiano pensa - Ah, acho que preciso de mais um dia... isto passa...
Nas duas semanas seguintes Fabiano passa os dias com muita dor de cabeça, o mundo pra lá e pra cá...
Domingo, 12 de março - Fabiano acorda com o que o psiquiatra chamou de crise dissociativa. Confusão, confusão, confusão... eu desaparecendo, me esvaindo em meio aos pensamentos mais estranhos, uma música que não parava de tocar, uma rave no meu cérebro, muita angústia. Fabiano atormentado passa mal, vomita, vai para o hospital. Explica a mesma coisa para quatro médicos - dois clínicos e dois neurologistas - exames, exames, exames: muita martelada nos joelhos, cotovelos e afins. Volte amanhã porque é bom que faça uma tomografia. Fabiano volta no dia seguinte, faz a tomografia e... nada. Então você deve passar pelo psiquiatra. Psiquiatra, sem saber o que dizer: você está passando por uma crise depressiva atípica. Pondera, 20mg, toda manhã.
Fabiano continua passando mal. Dia 15, quarta: nova crise dissociativa. Desespero. Sinto-me péssimo na verdade. Náusea, tontura, cérebro ou desligado ou em curto. Hospital. Psiquiatra: além do Pondera, Frontal, 0,5 mg. Dias um pouco melhores: menos tontura, menos angústia, muito sono mas dormindo mal, cérebro longe de funcionar bem. Consulta do dia 27: aumentada a dose de Frontal: 1mg. Fabiano fica dopado a maior parte do dia. Fabiano em Um estranho no ninho. Sábado, 1 de abril: nova crise dissociativa, agora um pouco mais fraca. Saio andando por aí, sem rumo, angustiado, desesperado. Volto pra casa. 1mg de Frontal. Paulada na cabeça. Durmo o dia todo.
Desespero 2: tenho que entregar as coisas do trabalho até o dia 7. Não há possibilidade de fazer coisa que seja. Vamos ver no que vai dar...
Vamos às últimas notícias pessoais, que afinal explicam o meu desaparecimento do mundo:
1 de março - Fabiano passa o dia com muita dor de cabeça, o mundo rodando, dificuldade em ver as coisas, muito muito muito sono, impossibilidade de trabalhar.
Na cabeça de Fabiano - Ah, é stress, isto passa, tirarei o dia para fazer nada...
No dia seguinte, Fabiano passa o dia com muita dor de cabeça, o mundo girando, sem ver as coisas direito, muito muito muito muito sono, sem qualquer chance de trabalhar.
Fabiano pensa - Ah, acho que preciso de mais um dia... isto passa...
Nas duas semanas seguintes Fabiano passa os dias com muita dor de cabeça, o mundo pra lá e pra cá...
Domingo, 12 de março - Fabiano acorda com o que o psiquiatra chamou de crise dissociativa. Confusão, confusão, confusão... eu desaparecendo, me esvaindo em meio aos pensamentos mais estranhos, uma música que não parava de tocar, uma rave no meu cérebro, muita angústia. Fabiano atormentado passa mal, vomita, vai para o hospital. Explica a mesma coisa para quatro médicos - dois clínicos e dois neurologistas - exames, exames, exames: muita martelada nos joelhos, cotovelos e afins. Volte amanhã porque é bom que faça uma tomografia. Fabiano volta no dia seguinte, faz a tomografia e... nada. Então você deve passar pelo psiquiatra. Psiquiatra, sem saber o que dizer: você está passando por uma crise depressiva atípica. Pondera, 20mg, toda manhã.
Fabiano continua passando mal. Dia 15, quarta: nova crise dissociativa. Desespero. Sinto-me péssimo na verdade. Náusea, tontura, cérebro ou desligado ou em curto. Hospital. Psiquiatra: além do Pondera, Frontal, 0,5 mg. Dias um pouco melhores: menos tontura, menos angústia, muito sono mas dormindo mal, cérebro longe de funcionar bem. Consulta do dia 27: aumentada a dose de Frontal: 1mg. Fabiano fica dopado a maior parte do dia. Fabiano em Um estranho no ninho. Sábado, 1 de abril: nova crise dissociativa, agora um pouco mais fraca. Saio andando por aí, sem rumo, angustiado, desesperado. Volto pra casa. 1mg de Frontal. Paulada na cabeça. Durmo o dia todo.
Desespero 2: tenho que entregar as coisas do trabalho até o dia 7. Não há possibilidade de fazer coisa que seja. Vamos ver no que vai dar...
2.3.06
Feito ontem. Não gostei, pode ser que alguém goste. - Ao lado, arcoiris no escuro.
O tempo
O tempo da insônia é o
Mesmo tempo da emergência,
Do jogo ruim,
Da espera no primeiro encontro,
Da dor de dente,
Da abertura do envelope
Com o resultado esperado,
Do funcionamento do analgésico.
Já o tempo do parque de diversões é bem diferente.
É o mesmo do beijo,
Da conversa entre amigos,
Da história com o filho antes de dormir,
Do pôr do sol,
Do sorvete,
Do gozo.
O tempo da vida pode ser uma justa medida entre
Os tempos da primeira e da segunda estrofe:
Um balanceio sincopado – um samba-blues em vida.
O tempo do poema?
O tempo do poema é só este.
Acabei de voltar de uma livraria onde dei uma olhada na Caros Amigos deste mês. Como sempre, uma piada. Fico realmente preocupado com o samba do crioulo doido conceitual (aproveitando que ainda estamos nos limpando das últimas brisas carnavalescas) deste pessoal disquerda. Alhos, bugalhos, baralhos: tudo numa cajadada só. Lembrei-me de um e-mail de um rapaz nervoso que recebi no ano passado, rapaz que ainda me persegue e sei lá o que é possível que um dia ele ainda me faça. Vamos então aos fatos passados, antes dos cometários da Mad.
Certo dia, minha amiga Cris (Oi Cris!) enviou-me um e-mail me perguntando sobre que voto daria no referendo sobre o desarmamento, e o porquê. Pelo que entendi, não era uma pesquisa dela, mas de uma amiga, prima, sei lá. Enfim, o fato é que as pessoas começaram a responder não apenas diretamente para quem perguntava, mas para todos os perguntados também.
Alguns dias depois do ínicio do processo, foi-nos enviado um pedido de desculpas pelo fato de todas as pessoas estarem recebendo as respostas. Foi quando meu amigo nervoso veio com algo como (recrio um trechinho de memória): "Por mim, tudo bem. Gosto de ver a burguesia naufragando em seu mar de ignorância, e plá plá plá plá plá pá plá plá plá". Bem, não consigo me lembrar de muita coisa mas era, em suma, um discurso agressivo, cheio dquele lingüajar sindical, estúpido. Eu, vendo isto numa madrugada depois de 742 horas de trabalho, resolvi responder, o que fiz mais ou menos assim: "Calma, minha querida criança. Não queira ser mais um protocidadão, mais um comunista paranóico a achincalhar um processo democrático com este discurso totalitário. Abaixe a foice e o martelo: a humanidade já criou intrumentos mais refinados para lidar a com a realidade, e plá plá plá.
Ele então ficou mais nervoso ainda, e me respondeu com este e-mail que coloco abaixo. Uma mistura de linguagem patemizada com balacobaco lógico-conceitual. Meus comentários estão entre parênteses, e em itálico, assim comos as dicas de leitura:
"Prezado" Fabiano
Que pena que vc esteja tão "cansado" (sim, sim - o classe média trabalha diariamente até as duas da manhã) para ver que eu não sou marxista nem socialista nem comunista nem de esquerda, (não, meu caro rapaz, não pude ver mesmo, já que as premissas e a linguagem, tão marcadas no texto, tão puídas, não apontam pra outro lugar) e que minha visão de mundo é ainda mais radical e crítica (radical e crítica? Convenhamos, hein? Suficientemente clichê, lembra? Como achar mais radical e crítica?). E não cabe num e-mail. Nos e-mails eu brinco. (tenho certeza disso, esta confusão toda só pode ser uma brincadeira). Mas eu não escrevi esta provocação pensando em vc; na verdade, até agora me pergunto porque vc sentiu a necessidade de se colocar livremente nesse lugar de clase média (?). (pelo que aqui se vê,
deve estar se perguntando até agora!!! Uma leitura um pouco mais atenta de apenas um parágrafo mostrará que sou a favor de um debate amigável e democrático, e que tive que baixar o nível a fim de defendê-lo. Será que agora ficou mais claro?). Poderia ter respondido que minhas provocações sobre a mediocridade cultural da classe média estavam equivocadas. (realmente não deu pra entender que eu falava disto no meu texto? Que eu não gosto de generalizações fora de tempo e lugar? É complicado quando se lê apenas o que se quer não é?)Poderia ter respondido de um jeito igualmente provocativo (agressivo?), ou mais "amigável", dando um exemplo bom de como seria melhor conversar, ao que eu teria concedido imediatamente toda a razão a vc. (vamos entender a situação: as pessoas estavam debatendo e você as achincalhou, e agora vem com este papo razoável? Não, não queira inverter as posições, meu querido, quem está defendendo o debate aqui sou eu, e não você). Legal vc ter perdido tempo em escrever e me agredir diretamente (de novo, eu não agredi ninguém, e muito menos a vc) (1.Ué, agora o radical agora ficou bonzinho? Ah, é verdade, a brincadeira... mas, lembrando as primeiras linhas do seu texto, acho que deveríamos então reconceitualizar agressivo: você fala o que quer e não é; quanto aos outros... Aliás, nesta mesma linha, podemos trabalhar ignorância. 2. O porquê deste e-mail então?) tentando demonstrar que vc se importou muito pouco com minha mensagem. Acho que na verdade vc se importou demais com o que eu escrevi. Muito tolo. (Sim, claro que me importei, e escrevi dois bons parágrafos. Você, vários ruins. Onde está tolice?) O menos importante eram minhas provocações. Ao ponto vc se sintiu (seria sentiu?) ofendido (ainda não sei por que), que vc, sem saber como me atacar, teve que me inventar uma identidade (isso da foice e do martelo) para me atacar, e assim ficar mais fácil: depois só baixou a fita do preconceito de classe média contra "comunista" que vc tem gravada na cabeça ("pseudo-marxista", "paranoico" "proto-cidadão", "discurso barato", "clichê"). (1. Respondi a um texto de um indivíduo; você, destratou quem sequer conhecia, e disso concluiu que eu sou preconceituoso? 2. O fenômeno psíquico da projeção é bem interessante, e sabemos da sua importância na paranóia, como aqui indicado, e como eu já havia aventado. Como ele funciona? A sua instância repressiva inconsciente é lida na fala do outro. Daí vem a tal mania de perseguição. Primeira dica de leitura: O caso Schreber) Acho que tua sensibilidade narcísica de classe média é muito alta; vc deve ter um edipo muito grande (Édipo com narcisismo da classe média? Que confusão conceitual!!! Aqui começa uma mostra da confusão que acontece na cabeça deste povo. Temos que trabalhar melhor isto... Segunda dica de leitura: Psicologia das massas e análise do Eu e Introdução ao narcisismo...). Qualquer um que te contradiga ou provoque, e vc deve ficar todo irritadinho e nervosinho, não é? Bom, no meu caso, eu posso dizer coisas terríveis contra mim mesmo. Duvido que vc chegue perto. (Infelizmente você não me conhece pra saber que eu não sou assim. Sou a calma em pessoa. A favor do debate democrático, lembra? Irritadinho e nervoso ao ser interperlado é quem bloqueia e–mail interrompendo direito de resposta, não é? Ou não? Acertei de novo na fraude do embate democrático? Dica de leitura: Mein Kempf. PS - Os e-mails seguintes me deram ainda mais razão, como vocês verão)
Concordo que há instrumentos mais refinados para lidar com o mundo, duvido seriamente que vc ainda os domine, sejam sociológicos sejam filosóficos, (sim, não domino nem uma pequena parte, mas tento usar o pouco que sei de maneira correta, e não negar este pouco ou usá-lo de maneira estapafúrdia, como exemplifica cada linha deste texto) mais um e-mail não é o lugar para isso (concordamos); em outro momento, em outro lugar, poderiamos ter conversado séria e amigávelmente, expondo nossas melhores leituras e interpetações; pena que vc caiu na minha tonta provocação e se colocou sozinho no pior lugar. (Ôpa, concordamos de novo – tonta – mas se era só provocação, por que defendê-la tanto como aqui?)De novo, quando escrevi este e-mail, não pensei em vc, pensei nos típicos membros das classes medias que, alavancados nos seus preconceitos por publicações ruins como a Veja, exprimem a pobreza de suas opiniões através de atitudes singelas mas reacionárias (um arma para me proteger dos bandidos!, um arma para me proteger dos badidos!). Fiquei surpreso que vc não concordasse na crítica à mediocridade cultural da classe média e ao conjunto de preconceitos e opiniões de senso comum nos quais ela se expressa políticamente, sabendo como me contou Cris que vc faz mestrado em filosofia sobre Nietszche. (Agora embolou tudo. Eu sou ou não sou classe média, e portanto, estúpido, segundo os preceitos apresentados? Estou em crise de identidade. Segundo: não, não consigo arremessar milhões em um mesmo tacho de acordo com seus bens e ganhos. Generalizar, a partir destas premissas, por qual motivo? Lembra dos instrumentos refinados? Terceiro: gosto muito de Nietzsche, mas não o estudo diretamente. Trabalho com autores próximos a ele. Dica de leitura: poderia citar A Retórica, de Aristóteles, ou algum manual de lógica, como Salomon, mas aqui neste caso um manual de redação da Folha já viria a calhar. Ah, e Nietzsche é assim que se escreve: zsche) Tudo bem tudo bem, eu sei que no fundo isso não significa nada. Quando eu acabava meu Doutorado no IFCH no ano 1998 (que até hoje não defendi) lembro que havia de tudo. (concordamos pela terceira vez. Só há uma questão aqui: os do seu tipo são muito mais comuns do que os do meu!!!) Na verdade, não quis mais que provocar, e ninguém que recebera essa mensagem tinha que se sentir identificado, mas sim talvez discordar nas opiniões sobre o por que do voto pelo Não na clase média. (não me senti identificado, mas discordei da premissa absurda classe média=ignorância, como esclareci acima. O resto não vem por si?) Nietszche diz que, para a filosofia, uma pessoa nos trintas é ainda uma criança. (Talvez tenha dito. Mas sabemos o quanto o sarcasmo e a metáfora fazem parte do seu trabalho, e o significado disto no campo da linguagem e da elaboração teórica. Lembro que ele escreveu uma de suas principais obras - O Nascimento da tragédia – quando tinha 25/26 anos. Sarcasmo consigo e com leitores desatentos. Ótimo, como sempre... Pena que nem todos tenham a perspicácia necessária para ler. Dois: não, não cite Nietzsche, ele é dos meus, e fez picadinho dos seus. Platonismo - Cristianismo - Socialismo. Eu sei que você não sabe, mas vai como dica. A dica de leitura: Ecce Homo, A Gaia Ciência e Zaratustra). Vc esta ainda no mestrado, e com certeza, com um tema que te supera em muito. Então, meu filho, vc ainda tem um longo caminho pela frente, e não esquece de também dirigir o martelo da filosofia contra vc mesmo. (sim, o tema me supera muito, apesar de isto ter sido mais uma generalização da sua onisciência. Se assim não fosse, não haveria o porquê desvelá-lo. Segundo, o meu martelo da filosofia é diferente do seu, como eu já havia percebido, está e estava claro, e dirijo-o contra mim, sim, diariamente. Dos outros martelos giratórios e descuidados que subiram em bandeiras, apenas me defendo. Segundo, êta lugar comum ficar pinçando frase de efeito, hein... Dica de leitura: Como escrever uma tese. Por enquanto, eu te levo uns bons anos de vida a mais, alguns diplomas e algunas leituras que tomara que vc também consiga algum dia, dentro de alguns anos. (mais uma vez confundindo quantidade com qualidade. Ou misturando as duas, sei lá. Êta nóis!!! Mas também espero isto, e oxalá consiga, mais leituras e mais diplomas, porém com muito maior cuidado conceitual do que aqui se exprime. Dica de leitura: leia Kant, leia a Crítica da Razão Pura e você resolve o problema quantidade/qualidade. Não se preocupa em responder, porque estou bloqueando seu e-mail.
(ué, quem era a favor da visualização da lagoa cultural onde naufraga.....blá blá blá?)
deve estar se perguntando até agora!!! Uma leitura um pouco mais atenta de apenas um parágrafo mostrará que sou a favor de um debate amigável e democrático, e que tive que baixar o nível a fim de defendê-lo. Será que agora ficou mais claro?). Poderia ter respondido que minhas provocações sobre a mediocridade cultural da classe média estavam equivocadas. (realmente não deu pra entender que eu falava disto no meu texto? Que eu não gosto de generalizações fora de tempo e lugar? É complicado quando se lê apenas o que se quer não é?)Poderia ter respondido de um jeito igualmente provocativo (agressivo?), ou mais "amigável", dando um exemplo bom de como seria melhor conversar, ao que eu teria concedido imediatamente toda a razão a vc. (vamos entender a situação: as pessoas estavam debatendo e você as achincalhou, e agora vem com este papo razoável? Não, não queira inverter as posições, meu querido, quem está defendendo o debate aqui sou eu, e não você). Legal vc ter perdido tempo em escrever e me agredir diretamente (de novo, eu não agredi ninguém, e muito menos a vc) (1.Ué, agora o radical agora ficou bonzinho? Ah, é verdade, a brincadeira... mas, lembrando as primeiras linhas do seu texto, acho que deveríamos então reconceitualizar agressivo: você fala o que quer e não é; quanto aos outros... Aliás, nesta mesma linha, podemos trabalhar ignorância. 2. O porquê deste e-mail então?) tentando demonstrar que vc se importou muito pouco com minha mensagem. Acho que na verdade vc se importou demais com o que eu escrevi. Muito tolo. (Sim, claro que me importei, e escrevi dois bons parágrafos. Você, vários ruins. Onde está tolice?) O menos importante eram minhas provocações. Ao ponto vc se sintiu (seria sentiu?) ofendido (ainda não sei por que), que vc, sem saber como me atacar, teve que me inventar uma identidade (isso da foice e do martelo) para me atacar, e assim ficar mais fácil: depois só baixou a fita do preconceito de classe média contra "comunista" que vc tem gravada na cabeça ("pseudo-marxista", "paranoico" "proto-cidadão", "discurso barato", "clichê"). (1. Respondi a um texto de um indivíduo; você, destratou quem sequer conhecia, e disso concluiu que eu sou preconceituoso? 2. O fenômeno psíquico da projeção é bem interessante, e sabemos da sua importância na paranóia, como aqui indicado, e como eu já havia aventado. Como ele funciona? A sua instância repressiva inconsciente é lida na fala do outro. Daí vem a tal mania de perseguição. Primeira dica de leitura: O caso Schreber) Acho que tua sensibilidade narcísica de classe média é muito alta; vc deve ter um edipo muito grande (Édipo com narcisismo da classe média? Que confusão conceitual!!! Aqui começa uma mostra da confusão que acontece na cabeça deste povo. Temos que trabalhar melhor isto... Segunda dica de leitura: Psicologia das massas e análise do Eu e Introdução ao narcisismo...). Qualquer um que te contradiga ou provoque, e vc deve ficar todo irritadinho e nervosinho, não é? Bom, no meu caso, eu posso dizer coisas terríveis contra mim mesmo. Duvido que vc chegue perto. (Infelizmente você não me conhece pra saber que eu não sou assim. Sou a calma em pessoa. A favor do debate democrático, lembra? Irritadinho e nervoso ao ser interperlado é quem bloqueia e–mail interrompendo direito de resposta, não é? Ou não? Acertei de novo na fraude do embate democrático? Dica de leitura: Mein Kempf. PS - Os e-mails seguintes me deram ainda mais razão, como vocês verão)
Concordo que há instrumentos mais refinados para lidar com o mundo, duvido seriamente que vc ainda os domine, sejam sociológicos sejam filosóficos, (sim, não domino nem uma pequena parte, mas tento usar o pouco que sei de maneira correta, e não negar este pouco ou usá-lo de maneira estapafúrdia, como exemplifica cada linha deste texto) mais um e-mail não é o lugar para isso (concordamos); em outro momento, em outro lugar, poderiamos ter conversado séria e amigávelmente, expondo nossas melhores leituras e interpetações; pena que vc caiu na minha tonta provocação e se colocou sozinho no pior lugar. (Ôpa, concordamos de novo – tonta – mas se era só provocação, por que defendê-la tanto como aqui?)De novo, quando escrevi este e-mail, não pensei em vc, pensei nos típicos membros das classes medias que, alavancados nos seus preconceitos por publicações ruins como a Veja, exprimem a pobreza de suas opiniões através de atitudes singelas mas reacionárias (um arma para me proteger dos bandidos!, um arma para me proteger dos badidos!). Fiquei surpreso que vc não concordasse na crítica à mediocridade cultural da classe média e ao conjunto de preconceitos e opiniões de senso comum nos quais ela se expressa políticamente, sabendo como me contou Cris que vc faz mestrado em filosofia sobre Nietszche. (Agora embolou tudo. Eu sou ou não sou classe média, e portanto, estúpido, segundo os preceitos apresentados? Estou em crise de identidade. Segundo: não, não consigo arremessar milhões em um mesmo tacho de acordo com seus bens e ganhos. Generalizar, a partir destas premissas, por qual motivo? Lembra dos instrumentos refinados? Terceiro: gosto muito de Nietzsche, mas não o estudo diretamente. Trabalho com autores próximos a ele. Dica de leitura: poderia citar A Retórica, de Aristóteles, ou algum manual de lógica, como Salomon, mas aqui neste caso um manual de redação da Folha já viria a calhar. Ah, e Nietzsche é assim que se escreve: zsche) Tudo bem tudo bem, eu sei que no fundo isso não significa nada. Quando eu acabava meu Doutorado no IFCH no ano 1998 (que até hoje não defendi) lembro que havia de tudo. (concordamos pela terceira vez. Só há uma questão aqui: os do seu tipo são muito mais comuns do que os do meu!!!) Na verdade, não quis mais que provocar, e ninguém que recebera essa mensagem tinha que se sentir identificado, mas sim talvez discordar nas opiniões sobre o por que do voto pelo Não na clase média. (não me senti identificado, mas discordei da premissa absurda classe média=ignorância, como esclareci acima. O resto não vem por si?) Nietszche diz que, para a filosofia, uma pessoa nos trintas é ainda uma criança. (Talvez tenha dito. Mas sabemos o quanto o sarcasmo e a metáfora fazem parte do seu trabalho, e o significado disto no campo da linguagem e da elaboração teórica. Lembro que ele escreveu uma de suas principais obras - O Nascimento da tragédia – quando tinha 25/26 anos. Sarcasmo consigo e com leitores desatentos. Ótimo, como sempre... Pena que nem todos tenham a perspicácia necessária para ler. Dois: não, não cite Nietzsche, ele é dos meus, e fez picadinho dos seus. Platonismo - Cristianismo - Socialismo. Eu sei que você não sabe, mas vai como dica. A dica de leitura: Ecce Homo, A Gaia Ciência e Zaratustra). Vc esta ainda no mestrado, e com certeza, com um tema que te supera em muito. Então, meu filho, vc ainda tem um longo caminho pela frente, e não esquece de também dirigir o martelo da filosofia contra vc mesmo. (sim, o tema me supera muito, apesar de isto ter sido mais uma generalização da sua onisciência. Se assim não fosse, não haveria o porquê desvelá-lo. Segundo, o meu martelo da filosofia é diferente do seu, como eu já havia percebido, está e estava claro, e dirijo-o contra mim, sim, diariamente. Dos outros martelos giratórios e descuidados que subiram em bandeiras, apenas me defendo. Segundo, êta lugar comum ficar pinçando frase de efeito, hein... Dica de leitura: Como escrever uma tese. Por enquanto, eu te levo uns bons anos de vida a mais, alguns diplomas e algunas leituras que tomara que vc também consiga algum dia, dentro de alguns anos. (mais uma vez confundindo quantidade com qualidade. Ou misturando as duas, sei lá. Êta nóis!!! Mas também espero isto, e oxalá consiga, mais leituras e mais diplomas, porém com muito maior cuidado conceitual do que aqui se exprime. Dica de leitura: leia Kant, leia a Crítica da Razão Pura e você resolve o problema quantidade/qualidade. Não se preocupa em responder, porque estou bloqueando seu e-mail.
(ué, quem era a favor da visualização da lagoa cultural onde naufraga.....blá blá blá?)
Bem caros amigos, o texto do meu amigo nervoso é claro: tenta inverter posições éticas; tenta enganar sobre a possibilidade de debate; parte da defesa de um preconceito; mistura todas as bolas conceituais possíveis. Ou seja, representa um padrão facilmente identificado para quem acompanha a vida política nacional, padrão que escoa, ou é escoado, de/para quase todas as instituções que nos cercam. Neste ponto, Gramsci era esperto.
Depois deste e-mail, que eu não respondi porque não pude, ele anda me mandando vários, sem texto no corpo da mensagem, mas só no lugar do "assunto". E tem sido coisas do tipo: "seu filho da puta eu ainda não esqueci você me deve desculpas" ou "feliz natal protofilósofo de merda vá pra puta que o pariu", e ainda "não vou mais encher mas seu saco seu filho da puta", and afins. Ou seja, se eu sumir, vocês já sabem onde procurar.
Bem, depois então falaremos da Caros Amigos, que funciona mais ou menos, também porque é da turma, como meu amigo nervoso. Balacobaco telecoteco do crioulo doidão. Surrealismo da lógica tentando provar que vaca e helicóptero são a mesma coisa. Inté lá...
22.1.06
Pra que as coisas se encaminhem apesar de minha letargia, iniciemos com os chamados planos B: as desestruturações passadas.
É bom deixar claro que não há algo que indique o porquê de ser este ou aquele texto o retirado do baú, apesar de sabermos das trapaças do inconsciente.
Ana e o Mar
És, em verdade, de
Madeira.
Vê-se no cravo e na
Baunilha do quando
Caminhas.
No olhar dura
E decididamente
Castanho.
Em pernas e braços
Prontos para enlaces
De raiz.
Na pele
Enseivada.
(Não, não venham-me
Com morosas infinitudes,
Ventos, maresias, areias e pedras!
Tragam-me a da ramagem e fuste!
Tragam-me a que aguardo, áulico,
Com guardadas carícias de pássaro
E palavras de chuva:
Tragam-me a que um dia acompanharei florejar).
Não..., nada..., definitivamente
Nada possuis de mar.
A derradeira prova nesta
Enorme sombra que crias.
Ramagens e relva onde agora,
Arrebatado por bandarilhas
De farpas, obrigado me deito.
Mais detalhes sobre o nome do blog - não perca a próxima edição.
É bom deixar claro que não há algo que indique o porquê de ser este ou aquele texto o retirado do baú, apesar de sabermos das trapaças do inconsciente.
Ana e o Mar
Y tu, que has
hecho de mi pobre flor?
hecho de mi pobre flor?
Não..., nada..., definitivamente
Nada possuis de mar.
E azuis e conchas e tessituras
De turvadora claridade jamais
A ti remeterão.
Nada possuis de mar.
E azuis e conchas e tessituras
De turvadora claridade jamais
A ti remeterão.
És, em verdade, de
Madeira.
Vê-se no cravo e na
Baunilha do quando
Caminhas.
No olhar dura
E decididamente
Castanho.
Em pernas e braços
Prontos para enlaces
De raiz.
Na pele
Enseivada.
(Não, não venham-me
Com morosas infinitudes,
Ventos, maresias, areias e pedras!
Tragam-me a da ramagem e fuste!
Tragam-me a que aguardo, áulico,
Com guardadas carícias de pássaro
E palavras de chuva:
Tragam-me a que um dia acompanharei florejar).
Não..., nada..., definitivamente
Nada possuis de mar.
A derradeira prova nesta
Enorme sombra que crias.
Ramagens e relva onde agora,
Arrebatado por bandarilhas
De farpas, obrigado me deito.
Mais detalhes sobre o nome do blog - não perca a próxima edição.
Assinar:
Postagens (Atom)