Sem maiores comentários.
Da série coisas que têm que calar pra depois oxalá virarem futuro.
Boa viagem.
Estudos para uma bailadora andaluza
Dir-se-ia, quando aparece
dançando por siguiryas,
que com a imagem do fogo
inteira se idenifica.
Todos os gestos do fogo
que então possui dir-se-ia:
gestos da folha do fogo,
de seu cabelo, sua língua:
gestos do corpo do fogo,
de sua carne em agonia,
carne de fogo, só nervos,
carne toda em carne viva.
Então o caráter do fogo
nela também se adivinha:
mesmo gosto dos extremos,
de natureza faminta,
gosto de chegar ao fim
do que dele se aproxima,
gosto de chegar-se ao fim,
de atingir a própria cinza.
Porém a imagem do fogo
é num ponto desmentida:
que o fogo não é capaz
como ela é, nas siguiryas,
de arrancar-se de si mesmo
numa primeira faísca,
nessa que, quando ela quer,
vem e acende-a fibra a fibra,
que somente ela é capaz
de acender-se estando fria,
de incendiar-se com nada,
de incediar-se sozinha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário