10.12.10

Sobre o não crer. Campanha interessante

Poema novo, 16 anos depois

Vendetta

Suas belas pernas, devidamente cortadas em 72 pedaços,
serão arremessadas aos peixes do jardim japonês.

Eu não terei o que ver com o assunto,
a não ser a preocupação com a saúde dos anfíbios
que talvez disputem os nacos.

Bem... de certa forma há sim uma mentira aí porque antes disso tudo, antes que nada me ligue ao caso e aos peixes e tal, terei escrito palavras ou representações aleatórias de sons nos 72 cortes-decomposição de teus membros inferiores.

Sem ter a menor noção das coisas, mas agora de verdade mesmo, os peixes, ao comer os tecos, hão de compor um poema dadaísta com estes pedaços teus.

Tuas belas pernas serão versos desconexos na boca de salmões, tainhas e pintados. Não, não: não faço a menor idéia de quais peixes habitam normalmente um jardim japonês. Mas eu não preciso saber já que nada tenho com isso.

A minha única e elevada preocupação - além daquela dos anfíbios - é querer que suas pernas se transformem em um poema dadaísta, com um certo acento italiano se possível, e que depois acabem como coco de peixe.

Ho di niente te contro non Io.

17.10.10

Das coisas estúpidas do Facebook

De um jornalista que até chegou a escrever bastante aqui em Campinas:

Eu estava no Rio, no meio de uma multidão na festa do Círio de Nazaré, lá na minha querida Tijuca. A igreja lotada, as pessoas nas barraquinhas na rua, todos festejando. Em um dado momento dois helicopteros da polícia passaram bem baixo, os policiais com seus fuzis pra fora. Ninguém ligou! Então pensei: se fosse em São Paulo todo mundo já tinha saído correndo e a festa tinha acabado. São Paulo é tão Regina Duarte!!!

Entenderam?

Até agora duas pessoas já haviam "curtido isso", e há um comentário aprovando (é claro).

P.S: outra pérola - Por mim eu jogava a igreja no lixo, não serve para nada!

É de uma sensatez e de uma sensibilidade histórico-sociológica de dar medo. Além de: não serve pra nada, mas freqüenta?

16.10.10

Sutilezas calligarianas

No que prometia ser um belo dia de primavera de meados dos anos 1970 em Paris, um jovem psicanalista trabalhava no plantão de uma enfermaria psiquiátrica.

Considerando a exiguidade do salário que ele recebia, seria mais correto dizer que ele estagiava. De qualquer forma, ele não estava ali pelo dinheiro, mas para enriquecer sua experiência dos caminhos pelos quais a gente enlouquece e sofre.

O jovem psicanalista estava sempre disposto a topar uma parada que pudesse lhe ensinar algo novo. Naquele dia, embora esta não fosse sua atribuição, ele, com um psiquiatra e dois enfermeiros, embarcou na ambulância que respondia a um chamado da polícia do bairro 13. O comissariado recebera o telefonema angustiadíssimo de um homem que acabava de encontrar sua mulher e sua filha de um jeito que não conseguia descrever, mas que, ele gritava, não era normal.

A ambulância chegou antes dos policiais. O marido, desculpando-se por não ter a coragem de voltar lá dentro, apontou na direção da porta do banheiro do apartamento.

O jovem psicanalista foi o primeiro a entrar e descobriu uma jovem mulher, deitada nua na banheira, cantando feliz enquanto brincava com seu bebê na água. A jovem mulher não pareceu perceber a chegada do estranho e o jovem psicanalista se deu conta de que o bebê era curiosamente inerte, rígido e branco: ele estava morto há tempo.

O jovem psicanalista nunca esqueceria o corpinho que ele apertou contra si, como se houvesse uma chance de esquentá-lo de volta para a vida.
Engravidar e dar à luz (apesar de ser o cotidiano da espécie) são experiências tão extremas que elas podem enlouquecer algumas mulheres, em geral temporariamente, logo após o parto.

A internação da mulher de nossa história durou pouco: ela foi declarada não imputável por razão de insanidade e recuperou a dita sanidade rapidamente.

Durante sua internação, soube-se que, dois anos antes, um irmão do bebê morto na banheira também tinha falecido, aos três meses, de morte súbita e inexplicada. A equipe do hospital se perguntou: não seria legítimo esterilizar compulsoriamente as mulheres que matassem seus bebês numa psicose desencadeada pelo parto? De fato, existe um risco estatístico de recidiva caso elas deem à luz outra vez.

A discussão não chegou a conclusão alguma; ficou suspensa entre o respeito pela esperança de uma mãe que quer tentar uma nova gravidez, a dificuldade de garantir o direito à vida dos nascituros e nossa incapacidade de prever, prevenir e intervir a tempo. Pouco importa, pois nisto eu acredito mesmo: todas as discussões que valem a pena são inconclusas.

Bastante tempo depois, o jovem psicanalista, que não trabalhava mais naquele hospital, recebeu um telefonema do psiquiatra que estivera com ele na ambulância. A jovem mulher da banheira pedira uma consulta na mesma enfermaria onde ela fora internada dois anos antes: ela estava grávida e queria saber se corria o risco de enlouquecer de novo e assassinar seu bebê no berço. Que ela perguntasse era um bom sinal, mas insuficiente para responder com segurança. O que fazer? Encorajá-la a abortar ou a apostar que nada aconteceria? Quem sabe sugerir que levasse a gravidez a termo e se engajasse a entregar o bebê, na hora do parto, para a assistência pública?

Não sei a resposta certa e é por isso que me lembrei dessa história.

Uma eleição é o pior momento para debater qualquer questão que seja. Numa eleição, as pessoas precisam ser a favor ou contra.

Ora, as pretensas discussões entre "a favor" e "contra" me inspiram o mesmo mal-estar que sinto quando assisto a uma cena de violência. Faz sentido porque, nessas discussões, ninguém argumenta, cada um apenas reafirma abstratamente sua identificação: em "eu sou a favor" e "eu sou contra", o que mais importa é reforçar o "eu". Com isso, inevitavelmente essas discussões menosprezam, atropelam e violentam a vida concreta de todos.

Depois desse preâmbulo, talvez eu consiga, numa coluna futura, escrever sobre a questão do aborto. Enquanto isso, eis uma leitura que recomendo a todos os que preferem pensar a gritar: "O Drama do Aborto: Em Busca de um Consenso", de dois médicos, A. Faúndes e J. Barzelatto (Komedi). Sobre o tema, talvez esse seja o escrito mais honesto, menos tendencioso e mais generoso que já li.

12.10.10

Agressividade em épocas de eleição

Começarei a postar uns textos curtos sobre a eleição. Já que todo mundo se acha no direito de ficar fazendo campanha no Facebook, por que é que eu não posso usar um espaço onde os que eu conheço visitam por escolha para tecer algumas considerações, não é mesmo?

Mas a primeira coisa sobre a qual gostaria de comentar, e rapidamente, é a agressividade que se encontra na Internet em época de eleição. Que o fanatismo produz estúpidos em série, e que nos surpreendemos com o que ele faz com certos indivíduos que consideramos ter uma boa capacidade intelectual, isso já sabíamos. Mas a virtualidade tem adicionado um outro elemento aí: a boçalidade apedrejante. Qualquer comentário simples, mas que possa demonstrar uma discordância de opinião, é recebido a pedradas, tapas e pontapés. Só se aceita a afirmação: "- Eu a apóio; - Ah, eu também a apóio: nós somos demais!; - Eu também a apóio, sou demais como vocês! Posso republicar isso?". Ai se alguma pergunta tola qualquer, do tipo: "mas por que apóia?" é feita... Porrada!

Tive um papo ótimo via e-mail com um amigo, e a conversa democrática na Internet nessas eleições parou por aí. Nem um mais argumento sequer. Só falta de educação. Aliás: quando algum tipo de argumento aparece, e não é para responder perguntas, a coisa é de uma tristeza sem fim. Vi alguns doutores em filosofia se valendo de deduções que os fariam reprovar no pré-primário. Com foi acima, já sabemos o motivo.

Um dia desses eu volto. Espero que seja amanhã.

26.9.10

Manifesto em Defesa da Democracia

Numa democracia, nenhum dos Poderes é soberano. Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.

Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.

É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.

É inaceitável que militantes partidários tenham convertido órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.

É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos,
no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.

É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais em valorizar a honestidade.

É constrangedor que o Presidente não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há “depois do expediente” para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no “outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras, mas um inimigo que tem de ser eliminado.

É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e de empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.

É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.

É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É deplorável que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.

Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para ignorar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.

Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.

Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos.



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Para quem quiser assinar o Manifesto, é só clicar aqui.

8.9.10

Um país de doentes

De Dora Kramer, no Estadão de hoje. Sabem o pior? É que quem está infectado é incapaz de perceber o que vai abaixo. Ou se percebe, como acontece com muitos que conheço, faz de conta que não viu. O motivo? Incorporou o método do partido, ou tem o corpo cheio de uma cepa diferente do bicho. Vivemos numa psicose coletiva, e pelo resultados das pesquisas, ela se alastra. Na verdade, acho que cada vez mais gente percebe que pode sair ganhando com isso. Não coletivamente, é bom que fique claro.

Macunaíma

Só porque é popular uma pessoa pode escarnecer de todos, ignorar a lei, zombar da Justiça, enaltecer notórios malfeitores, afagar violentos ditadores, tomar para si a realização alheia, mentir e nunca dar um passo que não seja em proveito próprio?

Depende. Um artista não poderia, sequer ousaria fazer isso, pois a condenação da sociedade seria o começo do seu fim. Um político tampouco ousaria abrir tanto a guarda.
A menos que tivesse respaldo. Que só revelasse sua verdadeira face lentamente e ao mesmo tempo cooptasse os que poderiam repreendê-lo, tornando-os dependentes de seus projetos dos quais aos poucos se alijariam os críticos, por intimidação ou desistência.

A base de tudo seria a condescendência dos setores pensantes e falantes, consolidada por longo tempo.

Para compor a cena, oponentes tíbios, erráticos, excessivamente confiantes, covardes diante do adversário atrevido, eivados por ambições pessoais e sem direito a contar com aquele consenso benevolente que é de uso exclusivo dos representantes dos fracos, oprimidos e ignorantes.

O ambiente em que o presidente Luiz Inácio da Silva criou o personagem sem freios que faz o que bem entende e a quem tudo é permitido - abusar do poder, usar indevidamente a máquina pública, insultar, desmoralizar _ sem que ninguém se disponha ou consiga lhe pôr um paradeiro - não foi criado da noite para o dia.

Não é fruto de ato discricionário, não nasceu por geração espontânea nem se desenvolveu apenas por obra da fragilidade da oposição. É produto de uma criação coletiva.

Da tolerância de informados e bem formados que puseram atributos e instrumentos à disposição do deslumbramento, da bajulação e da opção pela indulgência. Gente que tem pudor de tudo, até de exigir que o presidente da República fale direito o idioma do País, mas não parece se importar de lidar com gente que não tem escrúpulo de nada.

Da esperteza dos arautos do atraso e dos trapaceiros da política que viram nessa aliança uma janela de oportunidade. A salvação que os tiraria do aperto no momento em que já estavam caminhando para o ostracismo. Foram todos ressuscitados e por isso são gratos.

Da ambição dos que vendem suas convicções (quando as têm) em troca de verbas do Estado, sejam sindicalistas, artistas, prefeitos ou vereadores.

Da covardia dos que se calam com medo das patrulhas.

Do despeito dos ressentidos.

Do complexo de culpa dos mal resolvidos.

Da torpeza dos oportunistas.

Da pusilanimidade dos neutros.

Da superioridade estudada dos cínicos.

Da falsa isenção dos preguiçosos.

Da preguiça dos irresponsáveis.

Lula não teria ido tão longe com a construção desse personagem que hoje assombra e indigna muitos dos que lhe faziam a corte, não fosse a permissividade geral.

Nada parece capaz de lhe impor limites. Se conseguir eleger a sucessora, vai distorcer a realidade e atuar como se presidente fosse. Se não conseguir, não deixará o próximo governo governar.

Agora, é sempre bom lembrar que só fará isso se o País deixar que faça, como deixou que se tornasse esse ser que extrapola.

4.9.10

A mentira, com um tanto de Dienpax


Até que ponto a mentira é sábia e necessária? Ao percorrer ensaios sobre ética que versem sobre esta forma de lidar com os conteúdos de nossa existência, é certo que um dos modos mais interessantes de colocar a questão, e respondê-la, é aquele que brota de uma posição mais lógica do que propriamente moral. A coisa toda pode ser expressa de uma maneira bem simples, que é mais ou menos assim: se todos decidirmos um belo dia começar a mentir ininterruptamente, uma espécie de caos se estabelecerá. Isso porque não haverá discurso que se que se religue a outros discursos ou ao que for, o que por si só descaracterizará a sua função. A linguagem entrará então no campo do desnecessário, e a convivência entre os homens irá se tornar algo relutante e puramente disforme. Nesse sentido, não há possível campo positivo para a resposta das questões que abrem o texto.

Um contraponto, porém, rapidamente nos aparece. - Mas essa é uma situação limite e generalizada - pode-se e deve-se argumentar -; isso não significa que a mentira não possa existir pontualmente, e por ser muitas das vezes mais encobridora do que propriamente uma inversora de discurso, tornar-se benéfica em dados momentos?

Hum: difícil a resposta. Pode ser que sim, claro. Mas até quando? E aqui a coisa se complica pois o discurso não provém de entidades metafísicas ou lingüísticas, mas é gerado por um sujeito que deve fazer com que todas as suas falas sejam plausíveis e sustentáveis. É muito fácil encontramos pessoas que digam: menti para preservar. Ou menti para evitar o sofrimento. Enfim, menti para fazer o bem. Mas e o que foi enganado, trapaceado pela mentira, irá se sentir de qual maneira ao saber o que a mentira acobertou, ainda que por um considerado bom motivo?

Duplamente traído. Sim. Claro. Óbvio. Traído pela mentira, a entidade moral-discursiva e, sabemos, psicológica, mas pior do que isso: traído por um agora mentiroso. Um ser de carne e osso, sendo que aquele que produziu o discurso já se encontra, ao aparecimento do novo enunciado, de figura alterada. Algo se interpôs entre ele e o restante de toda a sua história e de todas as suas relações: foi capaz de mentir por bem. Mas qual bem? Bem de quem? O que é um bem ante a uma descaracterização da realidade? Será esse um sujeito capaz de mentir por um mal? Mal de quem, e pra quem?

Um dos problemas da mentira é – boba e obviamente, como toda criança sabe - que um dia a verdade pode vir à tona. Mas o que a criança em nós também sabe mas não projeta a extensão é que o fato em seu aspecto bruto passa de moral também à pessoal. Tudo entra no redemoinho de desacertos que acaba, estranha e até risivelmente, parando no universo lógico dos parágrafos acima, criando uma versão humanamente maquinária do instituidor do problema: viramos robôs que podem ou não responder corretamente a questões, dúvidas e falar de nós mesmos. Mas quando será que falamos e respondemos corretamente? Ou será que de novo preservamos? Preservamos a quem, mesmo?

A mentira pode ser sábia e necessária tão somente quando ela se transforma enfim em verdade, e sabemos que isso é bem possível. Vivemos fazendo isso com nós mesmos, com nossa história reconstruída e encoberta por nossos desejos. Se assim não o for, se a passagem não for completa, a mentira criará no mínimo um possível... não confiável: aquele que atravessa seu desejo no do outro, às vezes no de si mesmo, desconfigurando o que está pela frente, seja por qual motivo ou intenção for.

11.7.10

Enhorabuena España!!! Ou: genealogia da torcida


Em meados da década de 20 do século passado, uma linda espanhola de límpidos e desconcertantes olhos azuis resolveu - ou foi levada por diferentes motivos - aportar aqui por nossas terras.

A caminho, ainda no navio, Concepción Ruelda conheceu um português dos mais serenos e por ele se apaixonou. Aliás, Manoel tinha que ser mesmo um tanto quanto resignado já que a espanhola tinha o sangue fervilhante: brava que só!

Do amor dos ibéricos, que ironicamente começou no mar, nasceram Rosa, Luzia, Elza, Nelson e José. Elza conheceu o filho de italianos Ludovico, e dos dois nasceu apenas Marcos. Marcos teve uma penca de filhos, o primeiro deles eu, que torci muito pela Espanha de dona Concepción Ruelda - de quem ainda me lembro dos cabelos negros e dos olhos de piscina - nesta final de Copa.

Enhorabuena España!!!

28.6.10

Saúde


Minha saúde anda péssima. Superada mais um crise daquelas, com direito a venlafaxina, agora meu corpo resolveu ser hipertenso. Eu não sabia o quanto isso é incômodo. O crânio pulsa, parece que há uma pilha de tijolos sobre o peito, o mal-estar é geral.

Pela primeira vez sinto temor de verdade. Um avô morreu de infarto quando tinha os mesmos 35 meus de hoje. É estranho vislumbrar as coisas assim. Como dizia dona Elza: quem tem cu tem medo. Eu já acho que quem tem cu tem medo, mas quem tem filho pequeno tem mais medo ainda.

19.6.10

Do blog de Saramago


Postado no dia 18/06, a partir de uma entrevista concedida em outubro de 2008:

"Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a parte nenhuma."

Para ler mais, basta clicar aí ao lado.

11.6.10

Envelhecer é...

Inaugurando o eixo-temático "Envelhecer é..." que, junto com "fabianescas", dará o tom existencial deste que vos escreve, digo a todos: "envelhecer é..." perceber que realmente existe, ainda que bem lá no fundo, um resquício de memória da vinheta da Copa de... 1978!

E Ferreira Gullar em entrevista...


Do homem que entende de sujeira, e de outras coisas mais:

Mas o governo Lula não teve nenhum mérito?
Não é que não teve nenhum mérito. O principal problema do Lula é ele não reconhecer o que ele deve aos governos anteriores. Tudo dele é “Nunca na história deste país…”. Ele se faz dono de tudo o que ele combateu. Por que o Brasil passou pela crise da maneira que passou? Porque havia o Proer (programa de auxílio ao sistema financeiro). Mas o PT foi para a rua condenar o Proer dizendo que o governo FHC estava dando dinheiro para banqueiro. E a Lei de Responsabilidade Fiscal? O PT entrou no STF contra a lei. Ainda está lá o processo do PT para acabar com a Lei de Responsabilidade Fiscal. O PT era contra o superávit primário, era contra tudo. Quer dizer, tudo o que eles estão adotando e que se constitui a infraestrutura da política econômica eles combateram. Agora o cara não reconhece isso: ele diz que fez tudo. O Lula é, de fato, uma pessoa desonesta. Um demagogo. E isso é perigoso. Está arrastando o país para posições que são realmente inacreditáveis. O cara se tornar aliado do Ahmadinejad, o presidente de um país que tem a coragem de dizer que não houve o Holocausto? Ele está desqualificando mundialmente porque está negando um fato real que não agrada a ele. Então não pode. O Brasil vai se ligar a um cara desse? É um oportunismo e uma megalomania fora de propósito. É um desastre para o país. Eu espero que a Dilma perca a eleição. Não tenho nada contra ela, mas contra o que isso significa. O PT é um perigo para o país. O aparelhamento do Estado, o domínio dos fundos de pensão… Um sistema de poder que vai ameaçar a própria democracia. As pessoas têm que tomar consciência.

10.4.10

Nós, as guerras... e o exemplo no Iraque

Do "El País". É necessário estômago. Necessário é também para uma espécie de observação/compreensão da chamada natureza humana, do medo, da idiotice e da dissimulação.


Un vídeo publicado por la organización Wikileaks cuestiona la versión oficial ofrecida por el Ejército de EEUU para explicar la muerte de 11 iraquíes en réplica a un supuesto ataque terrorista producido el 12 de julio de 2007 en Bagdad. Entre las víctimas figuran un fotógrafo de la agencia Reuters, Namir Noor-Eldeen, de 22 años, y su conductor, Saeed Chmagh, de 40. En las imágenes difundidas por el sitio web, que publica informes clasificados y documentos filtrados preservando el anonimato de sus fuentes, se observan disparos contra un grupo de hombres desde la visión de un piloto de un helicóptero Apache.

El vídeo recoge las grabaciones del propio helicóptero, desde el que se aprecia a un grupo de personas desplazándose a pie. El militar alega en el documento que varias personas de este grupo, entre las que figuraban Noor-Eldeen y Chmagh, portan armas y pide permiso para disparar.

En cuanto el objetivo se encuentra a tiro, y pese a que no se aprecia ninguna amenaza y las personas a pie parecen no percatarse de la presencia de las fuerzas norteamericanas, las aeronaves inician una ronda de disparos indiscriminada. Tras ellos, los militares celebran las muertes al grito de "mira esos bastardos muertos" y felicitan por su buena puntería a su compañero.

El portal web recuerda que Reuters pidió estas imágenes al Gobierno de Estados Unidos hace ya dos años. La agencia argumentó en su momento su derecho a obtenerlas basándose en la ley de Libertad de Información, pero nunca las obtuvo.

Entre 2003 y 2009, un total de 139 periodistas murieron en Irak mientras realizaban su trabajo. Entre ellos, los españoles Julio Anguita Parrado, corresponsal de El Mundo alcanzado por un obús disparado por los iraquíes, y el cámara de Telecinco José Couso, de 37 años, muerto el 8 de abril de 2003 en el ataque de un tanque estadounidense contra el hotel Palestina, sede de la prensa internacional en Bagdad. El Pentágono aseguró también en su momento que sus militares actuaban en defensa propia.


8.3.10

Fenomenal!!!

Esse eu tinha que postar aqui. Coisa linda. Escrito por alguém chamado Breno Altman e publicado, claro, em Carta Maior.

Cuba, uma ditadura?

O novo presidente do PT, José Eduardo Dutra, em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues (Folha de S.Paulo), no último dia 11/02, respondeu afirmativamente à pergunta que faz as vezes de título desse artigo. Com
ressalvas de contexto, identificando no longo bloqueio norte-americano uma das causas do que chamou de "fechamento político", Dutra assumiu a mesma definição dos setores conservadores quando abordam a natureza do regime político existente na ilha caribenha.

Essa discussão é um capítulo importante na agenda da contra-ofensiva à
hegemonia do pensamento de direita. Afinal, a possibilidade do socialismo foi estabelecida pelos centros hegemônicos não apenas como economicamente inviável e trágica, mas também como intrinsecamente autoritária.

Quando o colapso da União Soviética permitiu aos formuladores do campo vitorioso declarar o capitalismo e a economia de livre-mercado como o final da história, de lambuja também fixaram o sistema político vigente na Europa Ocidental e nos Estados Unidos como a única alternativa democrática aceitável.

Não foram poucos os quadros de esquerda que assumiram esse conceito como universal e abdicaram da crítica ao funcionamento institucional dos países capitalistas. Alguns se arriscaram a ir mais longe, aceitando esse modelo como paradigma para a classificação dos demais regimes políticos.

Na tradição do liberalismo, base teórica da democracia ocidental, a identificação e a quantificação da democracia estão associadas ao grau de liberdade existente. Quanto mais direitos legais, mais democrático seria o sistema de governo. No fundo, democracia e liberdade seriam apenas denominações diferentes para o mesmo processo social.

Pouco importa que o exercício dessas liberdades seja arbitrado pelo poder econômico. As disputas eleitorais e a criação de veículos de comunicação, por exemplo, são determinadas em larga escala pelos recursos financeiros de que dispõem os distintos setores políticos e sociais.

No modelo democrático-liberal, afinal, os direitos formais permitem o acesso
irrestrito das classes proprietárias ao poder de Estado, que podem usar amplamente sua riqueza para mercantilizar a política e seus instrumentos, especialmente a mídia. Basta acompanhar o noticiário político para se dar conta do caráter cada vez mais censitário da democracia representativa.

A revolução cubana ousou ter entre suas bandeiras a criação de outro tipo de modelo político, no qual a democracia é concebida essencialmente como participação popular. Ao longo de cinco décadas, mesmo com as dificuldades provocadas pelo bloqueio norte-americano, forjou uma rede de organismos que mobilizam parcelas expressivas de sua população.

A maioria dos cubanos participa de reuniões de células partidárias, do comitê de defesa da revolução de sua quadra, dos sindicatos de sua categoria, além de outras organizações sociais que fazem parte do mecanismo decisório da ilha. Não são somente eleitores que delegam a seus representantes a tarefa de legislar e governar, ainda que também votem para deputados - o regime cubano é uma forma de parlamentarismo. Esse tipo de participação talvez explique porque Cuba, mesmo enfrentando enormes privações, não seguiu o mesmo curso de seus antigos parceiros socialistas.

O modelo cubano não nasceu expurgando seus opositores ou instituindo o
mono-partidarismo. Poderia ter se desenvolvido com maior grau de liberdade, mas teve que se defender de antigos grupos dirigentes que se decidiram pela sabotagem e o desrespeito às regras institucionais como caminhos para derrotar a revolução vitoriosa. Na outra ponta, as diversas agremiações que apoiavam a revolução (além do Movimento 26 de Julho, liderado por Fidel, o Diretório Revolucionário 13 de Março e o Partido Socialista Popular) foram se fundindo em um só partido, o comunista, oficialmente criado em 1965.

Os círculos contra-revolucionários, patrocinados pelo governo democrata de
John Kennedy, organizaram a invasão da Baía dos Porcos em 1961. Aliaram-se a CIA em algumas dezenas ou centenas de tentativas para assassinar Fidel Castro e outros dirigentes cubanos. Associados a seguidas administrações norte-americanas, criaram uma situação de guerra e passaram a operar como braços de um país estrangeiro que jamais aceitou a opção cubana pela soberania e a independência.

A restrição das liberdades foi a salvaguarda de uma nação ameaçada, vítima de uma política de bloqueio e sabotagem que já dura meio século. Os Estados Unidos dispõem de diversos planos públicos, para não falar dos secretos, cujo objetivo é financiar e apoiar de todas as formas a oposição cubana.

Vamos combinar: já imaginaram, por exemplo, o que ocorreria se um setor do Partido Democrata recebesse dinheiro cubano, além de préstimos do serviço de inteligência, para conquistar a Casa Branca?

Claro que o ambiente de guerra e a redução das liberdades formais impedem o desenvolvimento pleno do modelo político fundado pela revolução de 1959. Vícios de burocratismo e autoritarismo estão presentes nas instâncias de poder. Mas ainda nessas condições adversas, o governo cubano veio institucionalizando interessante sistema de participação popular. O contrapeso ao modelo de partido único, opção tomada para blindar a revolução sob permanente ataque, é um sistema de organizações não-partidárias que exercem funções representativas na cadeia de comando do Estado.

A Constituição de 1976, reformada em 1992, estabeleceu o ordenamento jurídico do modelo. Um dos principais ingredientes foi a criação do Poder Popular, com suas assembléias locais, municipais, provinciais e nacional. Seus representantes são eleitos em distritos eleitorais, em voto secreto e universal. Os candidatos são obrigatoriamente indicados por organizações sociais, em um processo no qual o Partido Comunista não pode apresentar nomes - aliás, ao redor de 300 dos 603 membros da Assembléia Nacional não são filiados comunistas.

O Poder Popular é quem designa o Conselho de Estado e o Conselho de Ministros, principais instâncias executivas do país, além de aprovar as leis e principais planos administrativos. Seus integrantes não são profissionais da política: continuam a desempenhar suas atividades profissionais e se reúnem, em âmbito nacional, duas vezes ao ano para deliberar sobre as principais questões.

A Constituição também prevê mecanismos de consulta popular. Dispondo desse direito, o dissidente Oswaldo Payá, líder do Movimento Cristão de Libertação, reapresentou à Assembléia Nacional do Poder Popular, em 2002, uma petição com 10 mil assinaturas para que fosse organizado referendo que modificasse o sistema político e econômico na ilha.

O governo reuniu 800 mil registros para propor outro plebiscito, que tornava o socialismo cláusula pétrea da Constituição. Teve preferência pela quantidade de assinaturas. Cerca de 7,5 milhões de cubanos (65% do eleitorado), apesar do voto em referendo ser facultativo, votaram pela proposta defendida por Fidel Castro.

Tratam-se apenas de algumas indicações e exemplos de que o novo presidente petista pode ter sido um pouco apressado em suas declarações. As circunstâncias históricas levaram Cuba a restringir liberdades. Mas seu sistema político deveria ser analisado com menos preconceito, sem endeusamento do modelo liberal, no qual a existência de direitos formais amplos não representa garantias para um funcionamento democrático baseado na participação popular.

23.2.10

Amanhece 07

Maratonangustiamanhecedura,
ponteiros que espetam
e aceleram gente
passando para o
trabalho um
cérebro
bufa como uma vaca
no corredor
pastoso

Todo homem saberá que alguns salvamentos são tiros nas mãos todo
homem saberá que certos afogamentos são crianças brincando de
engolir águas e sêmem e que a semeadura se dará a postas de chumbo
em sua nuca e em cada vértebra calcanhar

Há risos misturados a buxixos e baitolas e bumbos e bundas que ecoarão para sempre como unhas estragadas há palhaços e magos que retiram trechos de gente expondo veios enquanto o sol brota

Há quem ria deste novo homem-nervo que passa silente há quem gargalhe e sugue calcinações de córtex pelas narinas há quem sinta prazerosamente o gosto do próprio veneno no suor de quem lhe come

28.1.10

fabianescas

Dica de hoje:

guarde os cartões que receber - eles podem realmente vir a fazer muito por você.


Mais notícias sobre o Piva

De novo do blog da Renata:

O poeta Roberto Piva foi transferido neste fim de tarde para um outro quarto no Hospital das Clínicas. O local é bastante arejado e ele está na companhia de apenas mais uma pessoa, bastante satisfeito com a nova acomodação.

Conforme divulgado no post anterior, Piva está recebendo bons cuidados da equipe médica do HC. Ele deve passar por um Cateterismo nos próximos dias. No momento, a prioridade é fortalecê-lo e garantir-lhe um bom funcionamento cardíaco. Posteriormente serão feitas 2 cirurgias: próstata e catarata.

Como qualquer grande homem de 73 anos, acostumado a devorar Leitões à Pururuca & outros banquetes, Piva reclamará da comida do hospital, "sem sal e sem gosto", em qualquer quarto do mundo. E nem precisa ser poeta pra reclamar disso: costuma ser assim conosco, com nossos amigos, nossos pais e avós. Ou alguém aqui trocaria uma pizza de mussarela por um purê de batatas sem sal?

Portanto, vamos continuar torcendo para que ele se recupere logo. O apoio dos amigos é sempre bem-vindo. Desde já, gostaria de agradecer aos que me ajudam a divulgar esses esclarecimentos referentes à internação do Piva. Peço que continuem a divulgar.

26.1.10

Sobre Roberto Piva

Do blog da Renata (que aliás, merece os parabéns). Triste, é claro, mas Piva há de se recuperar logo. O que não dá pra mudar é a falta de respeito com que a coisa vem sendo tratada, seja por jornais, seja por blogs ou twitters de famosinhos.

O poeta Roberto Piva, que sofre da Doença de Parkinson, está internado no Hospital das Clínicas de São Paulo desde o dia 13 de janeiro, onde recebe visitas e assistência diária dos amigos mais próximos e do companheiro. Desde então, vem passado por exames, tem recebido cuidados médicos e já está mais forte e mais disposto. Para evitar excessos de protagonização, os mais próximos haviam optado por manter a internação com discrição. No entanto, após movimentação e mobilização em blogs e redes sociais por terceiros, a notícia saiu na Folha de S. Paulo de hoje.

Antes da internação, Piva se queixou de diarréia e mal estar. O amigo e poeta Antonio Fernando de Franceschi -- que sempre lhe ajuda nesse sentido -- providenciou uma consulta com um médico particular de confiança, onde Piva chegou acompanhado do também amigo e poeta Roberto Bicelli. Por conta de um intenso quadro de desidratação e pela necessidade de fazer exames, o médico providenciou, pessoalmente, uma internação no Hospital das Clínicas.

Através de exames, foi diagnosticado um problema de próstata. Piva precisará passar por uma cirurgia. Mas antes disso, os médicos precisam garantir sua condição cardíaca e renal. Dentro de alguns dias, ele passará por um cateterismo no Incor, anexo ao HC, um centro de referência nesse tipo de tratamento. Só depois os médicos tomarão as providências pré-cirúrgicas.

Piva não tem plano de saúde. Quem não tem plano de saúde -- seja poeta, lixeiro ou dono de padaria -- se trata pelo SUS. Qualquer um de nós, mesmo com boleto pago de convênio médico, pode precisar do SUS após sofrer um acidente ou numa localidade onde não haja hospital privado. Todos sabemos que o HC não é hotel 5 estrelas. Mas apesar de não ter uma cama com trocentos botões e uma TV de Plasma com 100 canais por assinatura, Piva está num quarto limpo e arejado. Claro que há outras pessoas nos leitos vizinhos, evangélicos chatos, televisão do doente ao lado ligada no Silvio Santos, enfermeiras com cara de malvadas e um monte de coisas que podem irritá-lo, além da própria doença. Mas ele não está "jogado" ou "abandonado". E a última coisa que vai querer saber por terceiros, seja num blog ou numa notícia de jornal é que seu estado é "deplorável" e que sua situação mais parece "um inferno dantesco".

Sejamos sensatos: uma internação que tende a se prolongar, incluindo todos esses exames, medidas cautelares, medicações ministradas, procedimentos cirúrgicos, e até mesmo alguns dias de UTI (comum após cirurgias desta espécie), vão sair mais caro do que comparar um imóvel num bom bairro paulistano. E tudo à vista.

Alguns poetas estão se mobilizando para conseguir um um quarto melhor para o Piva apesar de que, no SUS, todo cidadão é igual (ou não?). Todo conforto, no entanto, é bem-vindo. Outros já estão divulgando a conta corrente do poeta no Itaú. Muito bem: ajudas financeiras, obviamente, também serão bem-vindas por ele; principalmente no período pós-cirúrgico.

Mas façamos com cuidado para não passar por cima das decisões que os mais próximos (principalmente seu companheiro) devem tomar. Se não, ao invés de ajudar, podemos atrapalhar. Ademais, vamos torcer para que o Piva se recupere logo. Os amigos estão convidados a visitá-lo e ajudar a mantê-lo confiante no tratamento. Se ele reclamar da comida, a gente já sabe o porquê: deve estar morrendo de saudade do Leitão à Pururuca e do vinho chileno que tanto gosta.

A conta:
Roberto Lopes Piva
CPF: 565 802 828-00
Banco Itaú
Agência 0036
C/C: 20592-0

11.1.10

Nunca antes na história...

Hélio Gaspari, na Folha do dia 03/01:


O PROFESSOR Claudio Salm investigou os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 1996 e 2002 (anos tucanos) e daí a de 2008 (anos petistas). Ele verificou que a ideia segundo a qual Nosso Guia mudou radicalmente a vida do andar de baixo nacional é propaganda desonesta. Estimando-se que no andar de baixo estejam cerca de 50 milhões de pessoas (25% da população), o que se vê nas três Pnads estudadas por Salm é uma linha de progresso contínuo, sem inflexão petista.
Em 1996, quando Fernando Henrique Cardoso tinha um ano de governo, 48,5% dos domicílios pobres tinham água encanada. Em 2002, ao fim do mandato tucano, a percentagem subiu para 59,6%. Uma diferença de 11,1 pontos percentuais. Em 2008, no mandato petista, chegou-se a 68,3% dos domicílios, com uma alta de 8,7 pontos.
Coisa parecida sucedeu com o avanço no saneamento. Durante o tucanato, os domicílios pobres com acesso à rede de esgoto chegaram a 41,4%, com uma expansão de 9,1 pontos percentuais. Nosso Guia melhorou a marca, levando-a para 52,4%, avançando 11,3 pontos.
O acesso à luz elétrica passou de 79,9% em 1996 para 90,8% em 2002. Em 2008, havia luz em 96,2% dos domicílios pobres.
Esses três indicadores refletem políticas públicas. Indo-se para itens que resultam do aumento da renda e do acesso ao crédito, o resultado é o mesmo.
Durante o tucanato, os telefones em domicílios do andar de baixo pularam de 5,1% para 28,6%. Na gestão petista, chegaram a 64,8% das casas. Geladeira? 46,9% em 1996, 66,1% em 2002 e 80,1% em 2008.
O indicador da coleta de lixo desestimula exaltações partidárias. A percentagem de domicílios pobres servidos pela coleta pulou de 36,9% em 1996 para 64,4% em 2008. Glória tucana ou petista? Nem uma nem outra. O lixo é um serviço municipal.
Nunca antes na história deste país um governante se apropriou das boas realizações alheias e nunca antes na história deste país um partido político envergonhou-se de seus êxitos junto ao andar de baixo com a soberba do tucanato.


P.S - E ele é petista! Depois eu comento.

5.1.10

Sonho 03/01/10

Moro em um prédio cujo elevador está quebrado. Vejo que há elevadores substitutos, só que aquele que serve aos moradores do vigésimo (no qual moro) e do vigésimo terceiro andar corre por fora do prédio, como se fosse um daqueles que dão suporte em construções. O elevador é todo branco, possui apenas uma cesta para quem vai, cesta esta presa a uma espécie de cano, no qual ela se movimenta para cima e para baixo. Entro na cesta e começo a subir, um tanto quanto apavorado. Penso como seria se acaso estivesse ventando mais, e a angústia cresce.

Em um dado momento do sonho chego ao meu andar. No hall de entrada do apartamento há uma prateleira fechada com vidro na qual toalhas, escovas de dente, pastas, xampus e outros produtos se encontram para serem consumidos pelos moradores. Acho isso muito estranho, passo pelo lugar e entro no apartamento. Minha irmã está em um dos quartos experimentando roupas. Há uma TV ligada. Nada ali me interessa muito. Saio do apartamento e desço para um lugar do prédio onde pessoas almoçam. Na verdade é uma galeria cheia de restaurantes e minha família, alguns amigos e João e Fernanda comem. Olho para a mesa ao lado na qual um senhor se atrapalha e perde um bom pedaço de carne. Olho para uma outra mesa e o mesmo acontece. Os dois se abaixam e tentam espetar os bifes com seus garfos. Vislumbro meu sapato, de couro marrom, e não gosto da maneira como o cadarço está colocado. Tento consertar.

Novamente no elevador, e subindo. Em um dado instante o mal funcionamento faz com a cesta comece a despencar. Me apavoro, seguro no cano que dá suporte à maquina e consigo fazer com ela caminhe suavemente. Fico feliz por estar usando luvas de ginástica, pois sem as mesmas não teria suportado o esforço.

De novo na galeria. Levo uma arara cheia de roupas de minha irmã. Ela vai na frente. Me atrapalho com a enorme quantidade de peças. Há uma outra arara cheia de jaquetas infantis, e pego algumas. Um sujeito reclama: essas últimas a ele pertencem. Peço desculpas e corro atrás de minha irmã, que nesse momento já está bem longe de mim.