22.11.08

Ego (Mei, Mihi, Me)

Hoje eu me cansei de mim mesmo. Cheguei ao meu limite comigo. Tive vontade de me bater.

Não é pra menos, acredito: quem suportaria sem percalços uma relação tão longa e pegajosa dessas? São 33 anos, quase 34, sem me abandonar por um só minuto. Nos sonhos, no banho, no almoço, na caminhada, na escrita, na punheta, no amarrar os sapatos: sempre eu lá, comigo, divagando idiotices e genialidades, dando pitacos sobre mim, me achando o máximo, me perguntando o motivo da tolice.

Cansei-me de mim porque pareço jamais reconhecer o que estou fazendo ou conjecturando quando na verdade sei muito bem o que se passa. Porque me confundo e me perco e me desacato e me espanto e me estranho e me enluto e me acredito e me troço e me esqueço e quando me recordo normalmente já é tarde e errei por me deslembrar e me irrito com o olvidado e com o lembrado e com o incessantemente repetido olha o que você fez!

Preciso de um tempo de mim de um modo urgente. Férias de mim. Eu sem mim esquiando em Bariloche. Eu sem mim nas ilhas gregas. Eu sem mim vendo o Davi de Michelangelo. Eu sem mim com a moça bonita rindo no teleférico de Poços de Caldas. Eu sem mim vendo peitos no Mardi Gras de New Orleans. Eu sem mim nem que seja na hora de...

Careço da minha falta. Alguém, por favor, me leve pra passear para que eu me dê um tempo! Sim, como se eu fosse o poodle e o dono do poodle que o esquece. Quem sabe um centro espírita? Um terreiro umbanda? Uma regressão até me ver guerreiro mongol e não saber o que me digo?

São 33 anos comigo, quase 34. Fabiano: puta que o pariu, por todos os santos, saravá meu pai - me esqueça um pouco - é só o que lhe peço, a mim.

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