18.7.08

Loro Beto Conte, o meu irmão verde

Como alguns de vocês sabem, eu tenho um papagaio. O nome dele é Loro Roberto Conte, vulgo Loro Beto.

Loro Beto tem 39 anos e fala pouquíssimas coisas. Ele é bom mesmo é de imitar sons: cachorro grande, cachorro pequeno, ronco, falatório e tosse. É só meu avô abrir a porta do quarto que ele começa a tossir, sacaneando. Já avisei que qualquer dia desses ele leva uma porrada. Claro que não adiantou.

Escrevo sobre ele hoje por um motivo estranho: Loro Beto está se humanizando. Sim, senhores: Loro Beto acha que é uma pessoa, e não vejo mais motivos para que não seja considerado como tal. Tudo começou quando minha mãe, acho que porque fui morar fora, resolveu substituir o filho.

Com isso, Loro Beto começou a ficar na sala, a almoçar com a família, a dormir quase no quarto. A situação, na verdade, é a seguinte: quando minha mãe acorda, pega o Loro e o coloca na sala. Lá ele assiste à Ana Maria Braga e aos desenhos globais. Enquanto faz isso, ganha um naco de pão e meia banana de café da manhã. Como já disse, almoça conosco, o que inclui comer macarrão, arroz, e até batata frita.

Aliás, a questão “alimentação” é um caso à parte: já disse que deve ser o primeiro caso de colesterol alto e, por conseguinte, infarto, da história dos papagaios. Ele é vidrado por: Fandangos, pizza, macarrão, pão, pastel, esfirra do Habib’s e qualquer outra junkie food que você coma na frente dele. Se você não dá, ele berra. Simples.

A única coisa ligada à natureza que Loro Beto faz é dar umas voltas na árvore que há no meu quintal no finalzinho da tarde. Às 18h ele é colocado de novo na cozinha, para o lanche-jantar, e depois volta para a sala, para assistir às novelas. E quando volta para a sala, há um porém: considere que a gaiola é colocada em frente ao sofá, o que faz com que ocupe uma posição no móvel, o que lhe dá, logo, o status de membro da família.

Acredito que chegue o momento no qual Loro Beto começará a usar o vaso sanitário e fuçar aqui no micro. Talvez eu tente um RG e um CPF. Se eu desse à Aristóteles as características psicológicas do Loro, ele teria que admitir que existem, sim, pessoas verdes e com penas.

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Devo achar que é sorte o fato do Loro estar se humanizando. O meu mais novo vizinho também tem um papagaio, só que lá a coisa parece estar se invertendo: a pessoas estão de papagaizando. As ouço, constantemente, passar pelo corredor falando assim: perau folitó perstiraolhaquibo fortlastes pricaranha uergranamas... sendo que o papagaio lhes responde na mesma língua papagaiesa. Estou prestes a chamar o IBAMA.

Um comentário:

rico disse...

Mande abraço para Loro Beto e diga a ele que em breve vou visitá-lo para conversarmos e tomarmos um café.