5.4.08

Eles são uma graça...

Do blog do Reinaldo:

Os jornalistas Ziraldo e Jaguar foram contemplados ontem com mais de R$ 1 milhão em indenizações pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, pelos alegados prejuízos que sofreram com a perseguição política durante o regime militar. O julgamento dos processos foi realizado na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio, juntamente com os de outros 18 jornalistas. "Aos que estão criticando, falando em bolsa-ditadura, estou me lixando. Esses críticos não tiveram a coragem de botar o dedo na ferida, enquanto eu não deixei de fazer minhas charges. Enquanto nós criticávamos o governo militar, eles tomavam cafezinho com Golbery", afirmou Ziraldo.
Entre os beneficiados também estava o jornalista Ricardo de Moraes Monteiro, chefe da assessoria de comunicação do Ministério da Fazenda, que receberá R$ 590 mil. Preso e torturado durante a ditadura, Monteiro alegou ter perdido o vínculo com a empresa onde atuava como jornalista por causa da perseguição política. "Sou de família comunista, meu pai foi preso em 1974. Meu irmão foi preso comigo em 1975 e depois se suicidou. Essa dor não vai ser reparada. Orgulho-me do que fiz. Quero homenagear os jornalistas que lutaram contra a ditadura", afirmou.
Já Ziraldo, escritor e chargista de sucesso, e o cartunista Jaguar, trabalhavam no Pasquim quando o semanário sofreu forte repressão por ser considerado ofensivo pela ditadura. Os dois receberão pensão mensal de cerca de R$ 4 mil. Jaguar e Ziraldo receberão ainda R$ 1.000.253,24. O montante, que será pago em parcelas, é retroativo a 1990, antes da criação da Comissão de Anistia, em 2001, porque os jornalistas já haviam feito o pedido, por meio da ABI, ao Ministério do Trabalho em 1990.

Voltei
Vergonha não se dá, não se empresta. Ou se tem ou não se tem. Quando o público queria saber do Pasquim, o jornal de que Ziraldo e Jaguar, na prática, eram donos, eles ficaram ricos. Mesmo combatendo a ditadura. Alguns da turma, confessadamente, “beberam” todo a grana. Outros, como Ziraldo, souberam guardar e estão montados na bufunfa até hoje. Mais do que isso: a quem soube administrar a carreira, a ditadura, objetivamente, fez mais bem do que mal. De novo, é o caso de Ziraldo. Mesmo algumas de suas notórias tolices sempre foram embaladas por sua fama de “homem que resistiu à ditadura”.

Quem expulsou Ziraldo do jornalismo não foi a ditadura, não. Foi o seu humor datado, o seu apego à cultura “da broa de milho”. No governo Sarney, foi presidente da Funarte. A idéia mais original que teve foi apoiar bandinhas de música do interior. Tentou recriar o Pasquim, mas sua graça, pautada pelo caipirismo do antigo Partidão e do brizolismo, já tinha sido superada pela turma do Casseta & Planeta, por exemplo. Afinal, os "novos" haviam percebido que também a esquerda era caricata.

Mais tarde, com uma sutileza, digamos, muito particular, Ziraldo criou a revista Bundas. É a chamada piada com a bunda, literalmente, de fora: queria ser, assim, uma crítica mordaz à sociedade de Caras. De novo, não foi socorrido pelos leitores. Mas continuou a escrever livros para crianças. Deve ser uma dos autores que mais recebem direitos autorais no país ainda hoje. Jaguar, também beneficiado, ficou menos em evidência. Mas, confessadamente, nunca deixou que o trabalho interferisse na sua disposição para se divertir.

Por que estes senhores estão sendo indenizados? Porque a tal Comissão se transformou num grupo de fidalgos para atender aos interesses de uma patota. Vejam lá o caso de outro agraciado, Ricardo de Moraes Monteiro, chefe da assessoria de comunicação do Ministério da Fazenda. Levou R$ 590 mil: “Sou de família comunista, meu pai foi preso em 1974. Meu irmão foi preso comigo em 1975 e depois se suicidou. Essa dor não vai ser reparada. Orgulho-me do que fiz. Quero homenagear os jornalistas que lutaram contra a ditadura". Viram só? Ele tem a convicção, mas nós pagamos a conta. Quer homenagear os jornalistas, é? Então doe o dinheiro para alguma instituição que cuide de crianças pobres.

Esse troço é acintoso. Morreram, durante a ditadura, incluindo aqueles que recorreram às armas, 424 pessoas. Fidel Castro, ídolo da maioria, já fiz a conta, foi 2.600 vezes mais assassino, se considerarmos os mortos por 100 mil. O certo seria não ter morrido ninguém. Mas acreditem: já foram beneficiados por indenizações ou pensões mais de 12 mil pessoas. Ainda há 30 mil solicitações para análise. Virou uma indústria.

O país gasta, em pensões, com o bolsa-ditadura — em alguns casos, bolsa-terrorismo — R$ 28 milhões por mês (incluindo os quase R$ 5 mil que, acintosamente, recebe o Apedeuta). Em indenizações, já foram torrados uns R$ 3 bilhões.

Ontem, vocês viram, houve a passeata da mamata, com a presença de Tarso Genro. Boa parte dos que defendiam uma ditadura comunista no Brasil, derrotada, resolveu assaltar os cofres públicos. Parece que só mudaram de método, não de disposição. Aquela turma chegou ao poder. Nao assassina mais pessoas, mas reputações. Com dossiês. Embora, claro, sejam todos eles cheios de uma particular moralidade.

Essa gente é um nojo!

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