26.11.07

Pernilongos genocidas

A notícia da última semana foi:

Duas equipes independentes de cientistas deram um salto nas pesquisas com célula-tronco ao conseguirem fazer com que células humanas adultas da pele "voltassem no tempo" e passassem a agir como se fossem as versáteis células-tronco embrionárias, conseguindo posteriormente se diferenciar em outros tecidos do corpo. A técnica surge com a promessa de que talvez, no futuro, possa substituir o uso das polêmicas células-tronco embrionárias. As CTEs são hoje as queridinhas dos pesquisadores por conta de seu potencial terapêutico. Como elas têm a capacidade de se transformar em qualquer outro tecido do organismo, podem, em tese, ser usadas para o tratamento de doenças degenerativas, como diabetes e mal de Parkinson. O problema é que, para obtê-las, é necessário destruir embriões, fato que enfrenta a resistência de grupos religiosos. Com o novo trabalho, a Casa Branca parabenizou os cientistas por resolverem problemas médicos "sem comprometer os elevados objetivos da ciência e o sagrada da vida humana".

Cientistas do Japão e dos EUA pegaram células da pele humana (fibroblastos) e induziram nelas a tão desejada pluripotência (versatilidade) da CTEs. Após essa reprogramação, elas não só assumiram uma aparência de CTEs como também um funcionamento semelhante ao delas, chegando a se diferenciar em neurônios e células cardíacas. "Estamos agora em posição de gerar células-tronco específicas para pacientes e doenças sem usar embriões", declarou Shinya Yamanaka, autor de um dos estudos, em comunicado. "Com essas células, poderemos compreender mecanismos de doenças, procurar por drogas eficientes e seguras e tratar pacientes com terapia celular."

My mind

Ouvi muita gente dizer que aqui estaria a solução para a questão ética da utilização das células tronco embrionárias.

Pra mim, a considerar a argumentação e a postura católica para o problema, o que teremos aqui, usando uma lógica radical, é o seguinte: se você pode modificar as células para que elas exerçam qualquer função, qualquer papel celular, você tem potencialmente uma célula embrionária em cada célula humana.

Para a igreja católica a vida começa na concepção, ou seja, quando pela fecundação do óvulo pelo espermatozóide cria-se a primeira célula do que virá a ser um novo indivíduo. O argumento católico é então sustentado por uma espécie de potencialidade: a vida já está lá, potencialmente, e vai se realizar pelo cumprimento do sentido teleológico que está embutido na célula (sim, bastante aristotélico).

Se radicalizarmos a questão e jogarmos a potencialidade das células para aquelas que por modificação podem se tornar embrionárias, não teremos então mais o direito de dispensar célula que for. Qualquer célula será, seguindo seu curso - agora antinatural - uma vida.

E agora José?

Agora se a problemática for levada a sério você estará proibido de coçar as costas, podendo por ter cometido esta heresia ser enviado diretamente ao inferno. Quantas criancinhas estarão sendo mortas, desperdiçadas pelo seu ato inconseqüente!

A descoberta medicinal da humanidade não será mais o antibiótico, mas o repelente. Já vou tentando descolar uma grana alta fundando uma ONG para financiar a compra de Autan.

O Greenpeace que se vire com os mosquitos.

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