10.2.07

A barbárie, bem rápido

Estou trabalhando muito, por isso o abandono repentino.

Quero apenas dizer algumas coisas rápidas sobre o termo da semana, a barbárie.

Sim, há muito a situação está fora de controle. Não se trata mais de roubar, não se trata mais de roubar e matar, se trata agora de compor requintes para o assassínio.

Sinto-me, como muitos, em corrente pré-pânico em viver numa sociedade em que coisas deste tipo têm permissão para acontecer; e pior, acontecem.
Só não entendo os questionamentos sobre o como chegamos aqui, sobre o modo de agir exacerbadamente violento de certos indivíduos, sobre as questões relativas à nossa moralidade.

A nossa moralidade é uma moralidade precária, deficitária, fraca como uma criança mal alimentada.

Não há porque acreditarmos que somos cordados, educados, kantianos.

Acabamos de eleger um governo reconhecidamente corrupto, em que crimes foram tratados com tamanha banalidade que o presidente da república foi capaz de admiti-los em cadeia nacional.

O que se esperar de um lugar como esse?

Se a população admite ser representada por criminosos, por que achar que ela possui algum tipo de moralidade que permita uma convivência democrática e minimamente pacífica?

Se roubos são admitidos pelo poder público na TV, o que se fará com os crimes que envolvam diretamente vidas?

A coisa é óbvia: recolocá-los no lugar de causadores de choque, de coisa ainda pior.
A moralidade parte daquilo que pode ser exposto, do aceitável, admissível, e percorre um caminho até a outra ponta, a do insuportável.

É como uma régua fixa: se o admissível está em 2, o inadmissível estará em 12. Agora se roubos descarados e desvios de dinheiro são aceitos, o que coloca o início da régua em 10, a outra ponta vai parar obviamente em 20, ou seja, a tal da barbárie.

O que se conclui portanto?

Que somos uma sociedade doente e que grande parte de nós admite a criminalidade, o que nos torna autores passivos de crimes diários.

E mais, que não devemos ser cínicos e bancar uma de que "não estou entendendo o porquê disso", quando a motivação para a piora parte de nossas autônomas escolhas.

O Brasil é composto por um povo imoral e ponto. E temos retrocedido, e temos nos medievalizado.

Se o exemplo do aceitável é ruim, ser ruim é ser o pior possível: este é o buraco para o qual, de mãos dadas, caminhamos. Lembrando que o buraco é cada vez mais vivo porque defendido e patrocinado por Estatutos e ONGs que embandeiram este tipo de pensamento.
Espero apenas que eu e meus próximos saiamos vivos desta história: no cada um por si, todos estão contra todos.

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