Pessoa já dizia que somos o intervalo entre o nosso desejo e aquilo que o desejo dos outros fizeram de nós. Para Freud o desejo é algo puramente ligado à memória: só podemos desejar aquilo que já foi vivenciado e causou prazer - se não formos masoquistas, claro -: todo o novo, assim, tende a ser apenas repetição. Já Lacan... Bem, pra Lacan, somos o resultado do desejo do Outro, e só. Para Hobbes, a felicidade se encontra no caminho para a realização do desejo. Assim que o desejo é satisfeito, corremos atrás de outro porque então tudo já ficou sem graça.
Eu só sei que desejo e que não consigo fazer com que este desejo flutue. Aceitar que certas coisas definitivamente não funcionam e ligá-lo a algo que o faça valer, que o aceite e dele faça bom uso. Eu quero que o desejo dos outros atue sobre mim e que me torne um objeto a ser por ele modelado. Quero que meu desejo diga qualquer coisa nova sobre a qual já sei. Que trilhas se refaçam todas as vezes que isso for possível.
Sigo tentando.
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