Ah, que deleite a maria-fumaça!
Que maravilhosa esta vida levada a
Trinta quilômetros por hora!
A trinta por hora se vê
As coisas;
Sente-se a vida passar e
Por vê-la e senti-la, se
Compreende mais.
A trinta por hora
Olho pela janela
E reparo nos batentes
Da casa velha e nada penso.
A trinta por hora viro-me
Para dentro do vagão e as
Pessoas são alegres; sorriem
Chacoalhando nesse mundo
semiestático.
A trinta por hora observo
pela primeira vez coisas com paladar
E cheiro e canções naturais; e sei-as possíveis.
Meu filho me pede água
E posso vê-lo crescendo
Enquanto a bebe, a trinta por hora.
(Fraquejo um milésimo de segundo por
Esse eterno espaço intangível entre mim e ele,
A confusão de linhas abobadadas
Que nos separa nas tantas
Velocidades que vivemos
Ao mesmo tempo; a trinta por hora,
na maria-fumaça)
(xx/xx/2002)
(xx/xx/2002)
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