29.8.08

Especial 1.000 visitas

Estava pensando em fazer algo legal quando o blog completasse as mil visitas (entenda-se mil desde que eu coloquei este contador aí ao lado).

Pensei nisso mais por influência alheia do que por qualquer outra coisa. Sim, porque se o Pelé comemorou os seus mil gols, e o Romário arrumou mil gols pra poder comemorar, porque é que eu não posso achar que fazer mil qualquer-coisa-que-seja não tenha lá a sua importância? E por que é que eu não posso me empolgar também?

Pois então: para a comemoração das mil visitas, resolvi falar sobre algo desmesuradamente importante pra mim; a saber, a minha música favorita.

Sim, porque ela existe. Se me perguntarem sobre o livro teórico que eu considero mais importante, eu não vou conseguir citar um: no mínimo uns dez. A mesma coisa vale para romances - apesar de que O homem sem qualidades talvez esteja um tanto à frente dos outros. Para poesia, a mesma coisa.

Já no que diz respeito à música, tal classificação existe sem dúvida alguma que possa fazê-la desabar. Sem uma ponta sequer de desconfiança. Está lá, em primeiríssimo lugar, a Libestod de Tristão e Isolda, de Wagner.

Quem já presenciou a minha escuta deste trecho de ópera sabe do que estou falando. É como se todas as coisas possíveis de um ser humano sentir pudessem cohabitar um espaço mínimo de existência. É como se uma vida toda se compactasse em menos de 10min de sons devidamente coordenados. Eu saio destruído: chorando-rindo, fisicamente enfraquecido, com o espírito devidamente tonificado. Difícil pensar em algo que me tenha causado tanto impacto, mesmo que fora da arte.

Só há uma coisa (devo dizer), entretanto, que me extasia mais: a Libestod regida por Karajan. Mais exatamente ainda: a última apresentação de Karajan, na qual ele regeu a obra magnificamente, se é que isso não seja uma espécie de tautologia.

O video está aí embaixo. Notem como o maestro parece um compositor-bailarino: compositor porque se tem a impressão de que a música está brotando dele ali mesmo, numa espécie de parto. Bailarino porque ao enviar a música à orquestra, ao transmiti-la aos músicos, parece fazê-lo num bailado-parto alucinante, onde as notas parecem ser enviadas por algum tipo de onda àqueles que irão, finalmente, produzi-las.

Percebam ainda que, ao final, o maestro estufa o peito num último gigantesco suspiro, levantando os ombros, e que, ainda que a música já tenha terminado, as palmas não aparecem. Elas só surgirão quando o maestro abaixar guarda, dando a batalha como vencida. Maravilhoso!

É preciso dizer mais alguma coisa? Não: escutem, e vejam.

E feliz mil visitas pra todos nós!!!

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