Quando a filosofia trata da questão do tempo, dificilmente ele aparece como o conhecemos: aquele tempo do relógio, dos segundos após segundos; aquele tempo como a gente usa na física, mensurável, e com o qual é possível medir outras coisas, como velocidade ou espaço.
O tempo na filosofia surge para tratar de questões de outra ordem, com outros significados. Vamos a um exemplo: o tempo em Kant.
Para Kant, o tempo é algo cuja representação, cuja percepção, é algo que temos a priori. Parece que estou falando grego, não é?
Calma que eu explico melhor: para Kant, o tempo – assim como espaço - é algo anterior a qualquer percepção que temos das outras coisas.
Para um exemplo, imagine, pense numa bola. Ao pensar numa bola, esta bola estava onde? Estava em algum lugar, não estava?
Ainda que você imagine um fundo preto e coloque a bola neste lugar, a bola é pensada em algum lugar no espaço. Pois bem: quando Kant diz que o espaço é uma representação a priori, é isto que ele quer dizer. Que sempre pensamos o espaço antes de pensarmos nos outros objetos do mundo, e que quando pensamos estes objetos, é impossível que eles não estejam no espaço.
Pois bem: com o tempo acontece a mesma coisa. A mesma bola que você pensou estando em algum lugar teve que estar neste lugar em um determinado momento, em um determinado espaço de tempo. É impossível que a gente pense em um objeto estando ele em momento algum.
Será que você conseguiria fazer isso? Pensar um objeto fora do tempo? Eu não consigo.
Já para um outro filósofo, Husserl, o tempo diz respeito à percepção que temos das coisas em nossa consciência, não precisando que este tempo corresponda àquele do mundo externo à nossa mente.
Um exemplo disso?
Você já se deve ter perguntado: por que alguns momentos passam tão rápido e outros demoram tanto para passar? Mas ora, o tempo não é sempre o mesmo?
Pois então: segundo Husserl, o tempo é uma questão de percepção, uma questão de consciência.
Isso significa que o tempo possui divisões diferentes, e que você pode viver muito tempo em um momento mínimo, ou nada em um momento enorme. O que define o tempo é portanto o que se passa na mente, a forma como percebemos as coisas, e não o cuco que está na parede.
O tempo da física serviria então só para questões práticas, como não chegar atrasado a um lugar ou medir uma velocidade. Aliás, quando você está em um carro, na estrada, você percebe a velocidade sempre da mesma maneira?
Até a próxima semana!
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