9.8.07

Caminhando e cantando...

Vivemos por muito tempo uma situação que não sei se foi sui generis (o que se conheço sobre história de outros lugares não me permite definir), mas que nos trouxe uma peculiaridade jacu que nos atrapalha até hoje, e isso por conta dos acontecimentos de Abril de 1964.

Instaurado o golpe, nossos intelectuais começaram a fugir ou a serem "fugidos" de casa, o que nos trouxe um complicador dos grandes: quem iria pensar o país, pensar sobre o país, ou mesmo pensar sobre qualquer coisa?

Pois bem, sabemos quem assumiu tal posicionamento: a classe artística - músicos, atores, teatrólogos e assim vai. O modus operandi? Era recortar uma frase do Sartre, juntar umas viagens lisérgicas bem loconas e mandar bala. Qualquer bobagem era considerada pensamento sério. E assim vivemos um bom período da nossa história recente.

Mas o grande problema mesmo é que (e é aí que eu queria chegar), ainda que todo mundo tenha voltado há mais de 20 anos, o pessoal criativo continua achando que falar sobre política, semiologia, ética, transgênicos ou seja lá o que for é a mesma coisa que escrever peças do Zé Celso Martinez Corrêa e, pior, acreditam que seu pensamento alógico bicho-grilado deva ser exposto como algo correto, concreto, bem cabeça mesmo sabe.

Uma amiga outro dia me chamou a atenção para o blog de um desses moços que ainda não se tocaram da coisa e ainda por cima a pegou herdada - um com sobrenome de animal de corcova que vive no deserto.

Meus deus do céu, que confusão!!! Alhos, bugalhos, enxovalhos - tudo temperado com salsinha, molho de tomate, uns torresminhos e muito samba. O sujeito produz lingüística, filosofia da mente, psicologia do desenvolvimento: tudo com o mesmo graceço, seriedade e autoridade com que elaborou e narrou a mais metafísica das questões metafísicas - do que é feito o samba?

Sei de um povo que fica louco com as indagações que saem daquela cachola. Num programa de tv outro dia um fã citou uma música em que o dito rimava algo como andança e dança, perguntando todo emocionado sobre a facilidade que o tal tinha de compor "aliterações". Rima pobre agora é aliteração - socorro! - um Bandeira na testa do inútil. Mas não ligue ainda, o programa não ficou só nisso não. Em num exemplo de hermenêutica e conhecimento dos textos antigos, disse que não era como Platão que queria "jogar os poetas do penhasco". Ai, ai, ai: lê o que quer e fala o que não queremos ouvir. O Inútil, agora elevado ao posto de categoria, deve ter se arrepiado ao presenciar tamanha erudição.

Surgiu um probleminha e amanhã eu volto pra falar do blog. Farei a emenda dos textos pra esse não ficar assim, caducão.

Inté...

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