Faz tempo que eu estou com vontade de comer doce de abóbora com coco. Aquele pastoso, sabe? O problema é que o doce de abóbora com coco pra mim é o doce de abóbora com coco daquele domingo gelado, que se foi há uns 26 anos, no qual eu fiquei um bom tempo sentado na cozinha esperando minha avó terminar de fazer: sentindo o calor do fogão, batendo papo, admirando o trabalho.
Tão logo deu o ponto, dona Elza colocou um bom tanto num pote de louça e pediu que eu fosse comer em casa. Comer ali na cozinha não era bom porque o cheiro do doce impediria que eu sentisse o gosto de verdade... o paladar ficaria atrapalhado com o exagero.
Eu peguei o pote e fui (morava na casa dos fundos). Sentei-me no sofá, cobri minhas pernas magras com uma manta azul e comi tudo. Voltei e ela me deu mais, com um leve sorriso - o de sempre.
É esse o doce de abóbora com coco que eu quero. Sei que estou enrolado. Ontem não tive coragem de pegar aquele pote no supermercado. Preciso aprender a lidar com os outros doces de abóbora com coco.
P.S - Aí em cima, ela e eu. Nesta semana comemoramos o seu octagésimo segundo aniversário. O décimo nono sem que ela esteja presente.
2 comentários:
Quando aparece por aqui, brôu? Estou com saudade!
Tenho o mesmo problema com sonho(aquele bolinho), o sonho da minha vó Nina das tardes no casarão durante as férias escolares.
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