Faz tempo que eu estou com vontade de comer doce de abóbora com coco. Aquele pastoso, sabe? O problema é que o doce de abóbora com coco pra mim é o doce de abóbora com coco daquele domingo gelado, que se foi há uns 26 anos, no qual eu fiquei um bom tempo sentado na cozinha esperando minha avó terminar de fazer: sentindo o calor do fogão, batendo papo, admirando o trabalho.
Tão logo deu o ponto, dona Elza colocou um bom tanto num pote de louça e pediu que eu fosse comer em casa. Comer ali na cozinha não era bom porque o cheiro do doce impediria que eu sentisse o gosto de verdade... o paladar ficaria atrapalhado com o exagero.
Eu peguei o pote e fui (morava na casa dos fundos). Sentei-me no sofá, cobri minhas pernas magras com uma manta azul e comi tudo. Voltei e ela me deu mais, com um leve sorriso - o de sempre.
É esse o doce de abóbora com coco que eu quero. Sei que estou enrolado. Ontem não tive coragem de pegar aquele pote no supermercado. Preciso aprender a lidar com os outros doces de abóbora com coco.
P.S - Aí em cima, ela e eu. Nesta semana comemoramos o seu octagésimo segundo aniversário. O décimo nono sem que ela esteja presente.
27.5.09
17.5.09
O papel dos sentimentos
O sr. Keuner estava no campo com seu filho pequeno. Uma manhã ele o encontrou chorando num canto do jardim. Perguntou pelo motivo da aflição, teve a resposta e continuou andando. Mas na sua volta, como o garoto ainda chorasse, ele o chamou e disse: "Qual o sentido de chorar, se com esse vento ninguém pode ouvi-lo?". O garoto teve um sobressalto, compreendeu essa lógica e retornou ao seu monte de areia, sem demonstrar outros sentimentos.
14.5.09
Verissimo - 14/05/2009
Já contei que uma vez o Jorge Furtado comprou um programa de traduções para o seu computador e fez uma experiência. Digitou toda a letra do nosso Hino Nacional em português e pediu para o computador traduzi-la sucessivamente em inglês, francês, alemão, holandês, etc. Do português para o inglês, do inglês para o francês e assim por diante até ser traduzida da última língua do programa de volta para o português. Segundo o Jorge, a única palavra que fez todo o circuito e voltou intacta foi “fúlgidos”. Em inglês, “salve, salve” ficou “hurray, really hurray” e parece que em alemão o texto ficou irreconhecível como hino, mas, em compensação, reformulou todo o conceito kantiano do ser enquanto categoria transcendental imanente em si.
11.5.09
Sr. Keuner, atrasado nesta semana - Um aluno abandona o sr. Keuner
Um aluno abandonou o sr. Keuner. Este gostava de lidar com ele: a nenhum outro gostava tanto de contrariar as opiniões. Porém, o sr. Keuner não ficou abatido. "Ele era um bom aluno", disse, "um dos melhores! É pena que tenha ido embora, mas não é ruim. Seria ruim se vocês dois partissem", e indicou tranqüilamente dois alunos que não estimava muito, "vocês não aprenderam nada!"
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