Tão logo deu o ponto, dona Elza colocou um bom tanto num pote de louça e pediu que eu fosse comer em casa. Comer ali na cozinha não era bom porque o cheiro do doce impediria que eu sentisse o gosto de verdade... o paladar ficaria atrapalhado com o exagero.
Eu peguei o pote e fui (morava na casa dos fundos). Sentei-me no sofá, cobri minhas pernas magras com uma manta azul e comi tudo. Voltei e ela me deu mais, com um leve sorriso - o de sempre.
É esse o doce de abóbora com coco que eu quero. Sei que estou enrolado. Ontem não tive coragem de pegar aquele pote no supermercado. Preciso aprender a lidar com os outros doces de abóbora com coco.
P.S - Aí em cima, ela e eu. Nesta semana comemoramos o seu octagésimo segundo aniversário. O décimo nono sem que ela esteja presente.